Título: R$ 4,4 bi em dividendos de só 4 instituições
Autor: Priscilla Murphy
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Economia, p. B5

Os acionistas do setor bancário só tem motivos para festejar. Além da valorização das ações, o lucro registrado pelos bancos no ano passado renderá vigorosos dividendos. Levantamento feito pela consultoria Austin Rating com empresas e instituições financeiras mostra que apenas os quatro maiores bancos (Bradesco, Unibanco, Itaú e Banco do Brasil) distribuirão R$ 4,4 bilhões em dividendos aos detentores de seus papéis. No topo do ranking está o Bradesco, com um repasse de 43,3% do lucro líquido obtido no ano passado. Do ganho de R$ 3,06 bilhões, R$ 1,32 bilhão vai engordar a conta dos 1,4 milhão de acionistas - maioria composta por pessoa física. "Outro ponto positivo é que as ações do Bradesco em 2004 tiveram valorização de 27,1%, ante 17,8% do Ibovespa. Neste ano, os papéis já subiram 28%", destaca o vice-presidente do Bradesco, José Luiz Acar.

O Unibanco, terceiro maior banco privado do País, distribuirá 41% dos ganhos registrados em 2004 aos seus 160 mil acionistas. Isso significa R$ 526,5 milhões, segundo o estudo da Austin Rating. Já o Unibanco Holding repassará R$ 262 milhões. "De acordo com nosso estatuto, o banco tem de repassar no mínimo 35% do resultado apurado no ano", afirma o vice-presidente corporativo da instituição, Geraldo Travaglia.

No caso do Itaú, que apresentou o maior lucro da história dos bancos, a distribuição de dividendos representará 36,3%. Em termos de valor, porém, o volume é o maior do setor - acima até dos dividendos do Bradesco.

De acordo com a Austin Rating, os 48,706 mil acionistas do Itaú receberão R$ 1,37 bilhão - resultado de um lucro de R$ 3,78 bilhões em 2004. O Banco do Brasil vai distribuir 31,6% do lucro líquido de 2004, ou seja, R$ 954,27 milhões. Empresas como Aracruz, VCP, Sadia e Braskem também estão no ranking dos maiores distribuidores de dividendos em 2004 (ver quadro).

Segundo o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, hoje em dia, além do valor da ação, os investidores analisam bastante a distribuição de dividendos antes de aplicar dinheiro em alguma empresa. "Dividendos maiores elevam a liquidez dos papéis", argumenta ele.

Na opinião do consultor de investimentos da Global Invest, Marcio Bandeira, a tendência é que o montante dos dividendos continue elevado, mas o valor das ações não deverá subir na mesma intensidade dos últimos meses, podendo até cair por causa da perspectiva de redução da taxa básica de juros.