Título: Para Greenhalgh, caso Lubeca 'está encerrado'
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Nacional, p. A6

Candidato do PT à presidência da Câmara encontra-se com Alckmin e Serra em busca de apoio à sua candidatura O candidato oficial do PT à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), reuniu-se ontem em São Paulo com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, José Serra, em busca de apoio à sua candidatura. Em meio às articulações com os tucanos paulistas, aproveitou para rebater acusações de envolvimento no caso Lubeca, ocorrido há 15 anos, que voltou ao noticiário. "O caso está totalmente encerrado", afirmou. O escândalo ocorreu em 1989, quando Greenhalgh, então vice-prefeito e secretário de Negócios Extraordinários da cidade de São Paulo, foi acusado de envolvimento em suposta cobrança de US$ 200 mil da empresa Lubeca para a campanha do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. A prefeita, na época, era Luiza Erundina, então no PT.

Segundo conversas gravadas, que foram reveladas à época pelo Jornal da Tarde, Greenhalgh teria colocado na empresa um intermediário para arrecadar dinheiro para a campanha de Lula. Naquele ano, a Lubeca tentava aprovar um projeto avaliado em US$ 600 milhões e precisava de aval da prefeitura. "O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu. Isso é transitado em julgado", afirmou o petista ontem, destacando estar "com a consciência tranqüila".

Greenhalgh disse estar curioso em descobrir "a quem serve" a volta do assunto, no momento em que ele disputa a presidência da Câmara. "Mas não tem nada, a gente vai andando. A vida é assim", comentou. "Ninguém chuta cachorro morto. É prova de que minha candidatura é forte."

O petista ressalvou que a apuração do caso foi feita pelo STF e que foi inocentado. "Tudo foi investigado e eu fui inocentado."

APOIOS

Greenhalgh também participou em São Paulo de almoço com 35 dos 70 deputados federais paulistas. Dezesseis dos 18 deputados petistas participaram do almoço. Nenhum parlamentar tucano apareceu. Mas a presença do secretário de Governo de Serra, Aloysio Nunes Ferreira, foi vista como bom sinal pelo PT.

As atividades na capital paulista seguiram o mesmo esquema que vêm sendo adotado por Greenhalgh na busca pela eleição de um dos cargos políticos de maior visibilidade no País.

Outros petistas que acompanharam as atividades de campanha ontem também destacaram que o caso Lubeca está superado. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, classificou como "ridícula" a volta do assunto à cena. "O Luiz Eduardo (Greenhalgh) já provou por A mais B que não tem nenhuma responsabilidade (no caso Lubeca) e mostrará novamente", afirmou João Paulo. "E aparece no momento em que ele está prestes a ser presidente da Câmara. Não vale no meu ponto de vista."

O presidente do PT, José Genoino, evitou tecer comentários. "Não vou falar de um assunto que está sendo exumado 15 anos depois de transitado em julgado (sentença definitiva)."

O governador disse que não cabia a ele "fazer comentários" sobre o suposto envolvimento de Greenhalgh no caso Lubeca. "É assunto interno do PT", afirmou Alckmin, que voltou a alegar ontem que o critério da proporcionalidade deve pautar a eleição no Congresso. Na Câmara, o PT tem a maior bancada. No Senado, a liderança é do PMDB.

Alckmin evitou, porém, declarar apoio a Greenhalgh. "Se o PT tivesse um candidato só, estaria resolvido", comentou o governador. O tucano se referia ao petista Virgílio Guimarães (PT-MG), que desafiou o partido e o governo ao lançou a candidatura avulsa.