Título: Rentabilidade de bancos menores cresce 35%
Autor: Renée PereiraColaborou: Heloiza Canassa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B4

Retorno sobre patrimônio líquido subiu de 20,5% para 27,7% e lucro líquido avançou 74% no ano passado A rentabilidade dos bancos de pequeno e médio portes cresceu 35% no ano passado, apesar da perda de depósitos provocada pela intervenção do Banco Santos. Levantamento feito pela consultoria Austin Rating, com sete instituições que já divulgaram o balanço de 2004, mostra que o retorno sobre o patrimônio líquido desses bancos saltou de 20,5% para 27,7%. O lucro líquido avançou 74%, de R$ 321,499 milhões para R$ 558,938 milhões. Segundo o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, o desempenho deve-se especialmente aos acordos de venda de crédito firmados com grandes instituições, como Bradesco e Itaú. Com a fuga de recursos, decorrente da intervenção do Banco Santos, a alternativa foi firmar parcerias. Assim, eles usam todo o know-how que têm na venda de empréstimos e quem libera os recursos são os grandes bancos.

Rodrigues argumenta, no entanto, que a vantagem desses acordos no futuro vai depender da taxa para cessão dos créditos. Quem estipulou CDI mais 8% ainda poderá ter um resultado razoável. Mas acima disso o banco poderá comprometer sua rentabilidade. Ele afirma que algumas instituições fizeram parcerias com taxas de CDI mais 9%. A taxa média, porém, ficou em CDI mais 6,5%.

Para o presidente da Austin Rating, o problema de liquidez, desencadeado pelo escândalo do Banco Santos, já foi superado pelos bancos médios. Mas, para isso, diz ele, as instituições foram obrigadas a reduzir significativamente a carteira de crédito. "Como tiveram muitos saques, de clientes institucionais, eles não puderam renovar vários contratos."

Na média, no entanto, a carteira de crédito cresceu 4,37% em relação a 2003. O resultado foi influenciado especialmente pelo BMG, que teve um desempenho surpreendente na concessão do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) -- uma modalidade de empréstimo que tem tido bastante sucesso no País nos últimos meses. De acordo com a Austin Rating, a carteira do banco cresceu 56,76% em 2004, comparado ao mesmo período de 2003. Por outro lado, no entanto, o BicBanco teve uma redução de 12,25% no total de crédito e o Banco Ribeirão Preto (BRP), 12,01%.

O problema é que, apesar do recuo da carteira de empréstimos e financiamento, o custo das instituições é fixo. Portanto, para não ter problemas, elas terão de rever suas estruturas e adequá-las à situação atual. Isso significa corte de despesa e também de pessoal. Outra saída é buscar formas para recuperar o crédito perdido. "Caso contrário, terão seus resultados comprometidos", diz Rodrigues. Na opinião dele, o retorno dos recursos institucionais somente deverá ocorrer no meio do ano.

Rodrigues afirma que a crise dos bancos pequenos e médios só não foi pior porque houve uma ação conjunta das entidades que representam o setor, que atuaram diretamente com o Banco Central e Ministério da Fazenda. "O pior já passou", garante ele.