Título: As ações estão mais rigorosas e há avanços visíveis, diz secretário
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2005, Nacional, p. A11

Segundo João Paulo Capobianco, o índice de desmatamento deverá ser reduzido brutalmente ainda neste ano

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, afirma que, apesar de ainda existirem problemas, os avanços no controle do desmatamento têm sido grandes. Como vê o descompasso entre o sistema avançado de monitoramento e a baixa capacidade de conter as infrações?

Começamos a montar o sistema no ano passado e os avanços já são visíveis. Se antes tínhamos apenas relatórios atuais, que mostravam fatos já consumados, hoje o monitoramente ocorre em tempo quase real. O governo vai aprimorá-lo e, ao mesmo tempo, aumentar a capacidade de fiscalização na Amazônia.

O senhor não acha que o descompasso se deve sobretudo à ausência do Estado?

Os índices de criminalidade no Rio e em São Paulo também atestam os limites da capacidade do Estado. Na Amazônia é mais grave - porque a ausência tem sido quase total. Mas não é só isso: nos anos 60, adotou-se um modelo de desenvolvimento, em vigor até hoje, que leva à destruição; e nos lugares onde se vê um pouco da presença do Estado, ele é conivente com o modelo destruidor .

Como o governo vai dar mais sinais da presença do Estado?

Já cresceu o número de funcionários do Ibama, do Incra e da Polícia Federal na região. O Exército também está mais presente. O índice de desmatamento deverá ser reduzido brutalmente neste ano.

Pode citar um tipo de ação já adotada que seja eficaz?

Com o apoio do Exército, estamos confiscando os tratores e as motosserras das pessoas flagradas em atividade irregular. Até agora, elas recebiam a notificação da infração e continuavam derrubando. Cerca de 300 tratores de esteira e skiders, que são máquinas pesadas usadas para o desmatamento, já foram confiscados.

A falta de definição sobre a titularidade da terra é causa freqüente de violências...

O plano do governo tem três eixos: o monitoramento da região, o ordenamento rural e fundiário e o fomento ao uso sustentado dos recursos naturais. O objetivo é frear o ciclo de titulação irresponsável de terras na Amazônia. Há 13 ministérios envolvidos nesta ação. (R.A.)