Título: Ciro perde cargo no PPS, mas não deixa o partido
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2005, Nacional, p. A7

A direção nacional do PPS desligou ontem o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, de todas as suas atividades partidárias. Ciro ocupava o cargo de vice-presidente do partido. Por intermédio de um deputado do partido, o ministro comunicou que continua no PPS, do qual não pretende sair. E informou que o fato de ter sido retirado da vice-presidência não o incomoda porque nunca se sentiu mesmo vice de nada. "Continuo no PPS, partido que ajudei a se transformar na força que é hoje, com dois governadores (Eduardo Braga, do Amazonas, e Blairo Maggi, de Mato Grosso), 2 senadores, 22 deputados federais e mais de 330 prefeitos", comentou Ciro, de acordo com um parlamentar do PPS ligado a ele. O ministro lembrou ainda que quando entrou no PPS o partido contava com apenas 3 deputados.

"Também continuo no governo enquanto merecer a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou ainda Ciro, segundo o mesmo parlamentar. Ele despachou normalmente ontem na sede do Ministério da Integração Nacional.

PUNIÇÃO

A nota do PPS comunica a punição a todos os filiados que não deixaram seus cargos no governo depois de decidido o rompimento do partido com o Planalto. O texto foi assinado pelo secretário-geral do PPS, Rubens Bueno. O presidente da sigla, deputado Roberto Freire (PE), está no Chile. Antes de viajar, Freire disse que tomaria a decisão política de desligar Ciro Gomes do PPS. Aconselhou ainda o ministro a recorrer à Justiça atrás de seus direitos partidários, caso não gostasse da decisão que pretendia tomar.

Também foi suspensa de seu cargo na executiva nacional a senadora Patrícia Saboya (CE), ex-mulher de Ciro, que é vice-líder do governo no Senado e não deixou o cargo nem pediu licença partidária.

LICENÇA

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, o secretário de Gestão Participativa do Ministério da Saúde, Crescêncio Antunes, o diretor-geral da Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene), José Zenóbio Vasconcelos, e o diretor de Engenharia da Codevasf, Clementino Coelho, pediram licença do PPS e também estão desligados das funções partidárias.

A decisão do PPS pelo rompimento com o governo ocorreu foi tomada em 11 de dezembro, com o voto de mais de 70% dos integrantes do diretório nacional, controlado por Freire. No dia 18, a executiva do partido fixou o dia 31 de janeiro como prazo limite para a entrega de cargos. A decisão de romper com o governo é polêmica. O líder do partido na Câmara, Júlio Delgado (MG), os governadores e senadores e pelo menos 15 dos 22 deputados são contrários a ela.