Título: Sem pressão de reajustes de início de ano, IPCA-15 cai
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2005, Economia, p. B1

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15) despencou para 0,35% em março, a menor variação desde outubro do ano passado e menos da metade dos 0,74% registrados em fevereiro. A notícia da desaceleração nos reajustes de preços aliviou o mercado financeiro, que previa taxa mínima de 0,41%. A queda ocorreu por causa do menor impacto de grupos importantes na composição do índice, como alimentos e mensalidades escolares. O IPCA-15, calculado pelo IBGE, é uma espécie de prévia do IPCA, índice de referência para as metas de inflação do governo. Enquanto a coleta do indicador divulgado ontem ocorre em torno do dia 15 do mês anterior até o fim da primeira quinzena do mês de referência, a pesquisa do IPCA - cuja taxa de março será divulgada dia 8 de abril - ocorre ao longo de todo o mês civil.

O IPCA-E do primeiro trimestre, formado pelo IPCA-15 acumulado nos três primeiros meses do ano, ficou em 1,78%. Nos últimos 12 meses, a taxa ficou em 7,31%. Em março, o item cursos, que chegou a registrar alta de 6,34% em fevereiro e foi responsável por cerca de um terço da taxa de 0,74% do IPCA-15 do mês, teve a variação reduzida para 0,49%.

No caso dos alimentos, a desaceleração nos preços (de 0,53% em fevereiro para 0,17% em março) ocorreu sob impacto de produtos importantes na despesa das famílias, como frango (-2,39%), carnes (-1,06%), óleo de soja (-1,61%). Outra influência importante foi dada pelos empregados domésticos (cuja variação passou de 1,12% para 0,13%), por causa do final do impacto do recebimento do 13.º salário.Também influenciaram para baixo as deflações nas passagens aéreas (4,69%), gás de cozinha (1,11%), álcool (0,59%) e gasolina (0,32%).

Entre as pressões de alta, o principal impacto foi o das passagens dos ônibus urbanos (1,83% de variação e 0,09 ponto percentual de contribuição), com o reajuste ocorrido em São Paulo. A expectativa dos economistas da consultoria GRC Visão é de que essa pressão seja acentuada ao longo do mês e acabe elevando o IPCA de 0,59% em fevereiro para 0,70%. O aumento das passagens em São Paulo ocorreu no início deste mês e não foi integralmente captado pelo IPCA-15.

A LCA Consultores também acredita em "leve aceleração" no IPCA em março, por causa dos ônibus. Mas ressalta que a inflação ao consumidor deve voltar a recuar em abril e seguirá em queda até o começo do terceiro trimestre, "quando o tradicional reajuste de vários preços administrados e a entressafra agrícola pressionarão o índice".