Título: Ladrão faz 3 reféns durante fuga
Autor: Rodrigo Cerqueira Cesar
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2005, Metrópole, p. C3

Assaltante fugiu pelo metrô, se abrigou em uma loja e mobilizou cerca de cem PMs antes de se entregar O assaltante Luciano Ferreira de Oliveira, de 27 anos, mobilizou cerca de 100 policiais na tarde de ontem durante a fuga de um assalto que lembrou um filme de ação. A perseguição começou por volta das 16 horas, quando Oliveira e três outros ladrões bateram um Honda Civic que tinham acabado de roubar. Os três escaparam pelas ruas da Penha, na zona leste, mas Oliveira correu para a Estação Patriarca do metrô. Lá ele entrou em um vagão e saltou na Estação Guilhermina. Armado e com a mão cortada depois de quebrar uma janela do trem, Oliveira voltou para as ruas e foi cercado pela polícia. Reagiu e fez duas mulheres reféns. O assaltante entrou em uma loja de instrumentos musicais, onde seqüestrou também o dono e ficou por cerca de uma hora negociando sua rendição. Ele pedia a presença da imprensa.

"Ele ligava para o pai e para mãe e perguntava se estava na TV. Falava que a casa tinha caído. Os policiais colocaram uma televisão na loja e daí ele ficou calmo", conta Horácio Esparrelli, o dono da loja. A operadora de telemarketing Carina de Oliveira Conceição, de 25 anos, e a mãe dela, Maria de Fátima Oliveira, de 56, também ficaram sob a mira da pistola do assaltante.

"Ele falou para que ficasse com ele, senão ele iria morrer. Para eu ficar calma", afirmou Carina, que teve a arma de Oliveira apontada para o pescoço durante a maior parte do tempo. "Só pedi para que deixasse minha mãe ir, para ficar com o meu filho", conta Carina, que passeava com a criança, de 1 ano e 4 meses. Durante a confusão, o filho foi deixado sozinho na rua. Maria de Fátima foi a primeira a ser liberada e correu para ficar com o neto.

Com o vestido sujo pelo sangue do braço de Oliveira, Carina afirmou ainda que teve de rasgar a identidade do assaltante. "Ele me pediu para queimá-la para não ser identificado, mas só consegui rasgá-la." Carina foi a última a ser libertada. Saiu em estado de choque às 17h45 e foi levada para um pronto-socorro.

O momento de maior tensão foi quando Oliveira ouviu um barulho nos fundos da loja. Era o PM Paulo Henrique da Silva que entrou antes do ladrão no lugar. Henrique derrubou uma caixa e chamou a atenção de Oliveira. "Ele (Oliveira) me perguntou se havia saída pelos fundos, temendo que houvesse policiais", disse Esparrelli. O comerciante negou, o policial continuou escondido e Oliveira se acalmou. "Fiquei em um espaço de 20 centímetros. Estava apavorado", disse o PM.

A dona de casa Michelle Calegari também passou maus bocados, apesar de não ter sido feita refém. Ela estava no mesmo vagão de metrô que Oliveira e se apavorou quando ele tentou sair do trem e as portas não abriram. "Ele ficou desesperado. Foi uma irresponsabilidade do Metrô, porque ele começou a gritar que iria matar as pessoas", conta Michelle. "Depois que ele arrebentou o vidro e fugiu, comecei a chorar."