Título: China adverte EUA e Japão contra interferência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2005, Internacional, p. A11

Chanceler diz que inclusão de Taiwan em pacto militar nipo-americano causaria intranqüilidade na região

PEQUIM - A China advertiu ontem os EUA e o Japão contra incluir Taiwan em seu pacto militar, ao mesmo tempo em que tentou reduzir o temor de que o levantamento do embargo de armas a Pequim, proposto pelos europeus, possa levar a um ataque contra Taiwan. O ministro de Relações Exteriores, Li Zhaoxing, disse que a China busca melhorar seus laços com EUA e Japão - o segundo sócio comercial da China -, mas advertiu que a cooperação militar entre estes países deve ser estritamente bilateral, sem a inclusão de Taiwan. "Se ele (o pacto) for além dos aspectos bilaterais, sem dúvida despertará intranqüilidade entre os países asiáticos e complicará a situação de segurança da região", advertiu Li, insistindo que a China não aceitará nenhuma interferência em seu objetivo de reunificação com Taiwan. Por outro lado, o chanceler tranqüilizou a comunidade internacional quanto a uma possível invasão de Taiwan e disse que a China não necessita de armas sofisticadas nem tem dinheiro para comprá-las na Europa se o embargo for suspenso.

Diante da pergunta de um jornalista sobre se a lei anti-secessão que o Congresso Nacional do Povo - o Parlamento chinês - deve adotar esta semana durante sua sessão anual pode complicar a suspensão do embargo de armas, Li declarou sentir-se "muito inquieto" com essa possibilidade.

Esta lei tornará ilegal qualquer declaração de independência de Taiwan, para onde fugiram os nacionalistas de Chiang Kai-shek em 1949. A China considera Taiwan uma província rebelde e ameaça recorrer ao uso da força se a ilha declarar a independência.

Em Taipé, mais de 15 mil taiwaneses foram às ruas ontem para protestar contra a lei anti-secessão, que muitos temem possa dar a Pequim uma base legal para atacar a ilha. A marcha foi organizada pela União de Solidariedade de Taiwan após a China anunciar que aumentará seu orçamento militar em 12,6%. Outra marcha foi realizada cidade portuária de Kaohsiung. (AFP, AP e Reuters)