Título: No beija-mão ao presidente da Câmara, até petistas
Autor: Eugênia Lopes e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Nacional, p. A12

Passada a ressaca da derrota do governo com a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE), deputados e prefeitos petistas fizeram ontem romaria à residência oficial para conversar com o novo presidente da Câmara. O beija-mão ocorreu depois de Severino ter se reunido, na véspera, com o presidente Lula. Além da visita do líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), prefeitos foram pedir pressa na aprovação do aumento de 22,5% para 23,5% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "Não é o poder não. Não estou gostando de paparicação. Estou gostando é do que vamos fazer juntos", afirmou Severino mais tarde, ao chegar à Câmara.

Luizinho foi sondar Severino sobre que método usará para escolher relatores de medidas provisórias e projetos de interesse do Planalto. O temor é que designe relatores que desfigurem as propostas. "Foi a primeira conversa que tivemos com calma. Deixei claro que, por parte do governo e de minha parte, ele terá todo o respeito e cooperação", resumiu o líder.

Na hora do almoço, três prefeitos de capitais foram à residência oficial. "A relação com o presidente da Câmara é muito importante para que sejam aprovados projetos de nosso interesse como o aumento do repasse do FPM", disse João Paulo (PT), do Recife, que assumiu a presidência da Frente Nacional de Prefeitos. "Severino nos convidou para discutir nossas questões centrais, como a reforma tributária e o FPM", acrescentou Newton Lima Neto (PT), de São Carlos, que é vice-presidente da frente. Marcelo Déda, de Aracaju, era o terceiro prefeito presente.

"A proposta está aqui. Vou apoiar porque os municípios são a célula mater da nação", garantiu Severino depois da conversa. Ele observou que espera convencer o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "O ministro Palocci não quer (o aumento do FPM), mas vou fazer todas as gestões para que ele se sensibilize. Os municípios precisam desse aumento. Vou abrir o coração do Palocci."

João Paulo é amigo de Severino, de quem foi colega na Assembléia de Pernambuco no início da década de 90. Severino era líder do governo e João Paulo fazia oposição. "Os dois (João Paulo e Déda) são muito inteligentes e estou tirando um pouco da inteligência deles para tocar o meu trabalho", brincou o presidente da Câmara.