Título: Agricultor gaúcho pede ajuda
Autor: Elder Ogliari
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2005, Economia, p. B4

Fetag orienta pequenos produtores a não pagarem dívidas

PORTO ALEGRE-A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) vai orientar os pequenos produtores rurais do Estado a não pagarem as dívidas enquanto o governo federal não definir a ajuda direta que dará aos prejudicados pela seca. A decisão foi tomada ontem em assembléia que reuniu cerca de mil pessoas na praça Marechal Deodoro, em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. A manifestação não interrompeu o trânsito, como na semana passada, com os produtores rurais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf). O governo federal já ofereceu R$ 1,2 bilhão aos agricultores, mas destinou o dinheiro ao pagamento do seguro da safra, alongamento de dívidas e antecipação de créditos para o custeio das lavouras da inverno. A Fetag quer também o repasse de um salário mínimo por família, durante seis meses, para manter os agricultores no campo, porque, segundo o presidente Ezídio Pinheiro, já constatou que muitos produtores cansados de colheitas frustradas querem migrar para as cidades.

O governador Germano Rigotto recebeu uma comissão de agricultores e Pinheiro saiu satisfeito com as promessas de fornecimento de sementes para o plantio de pastagens a partir da próxima segunda-feira e de auxílio financeiro correspondente a 75% da perda da safra e 100% da safrinha do milho ou de 80% para as duas. O porcentual será definido nos próximos dias.

Hoje, uma reunião do Comitê de Gerenciamento da Estiagem, formado por representantes dos agricultores e dos governos federal e estadual, vai estudar critérios para auxiliar produtores que não puderam plantar por falta de umidade e que não estão amparadas pela cobertura do seguro. O comitê só terá o levantamento de quem está nesta situação na semana que vem. A Emater estima que sejam cerca de 130 mil famílias.

CHUVA

A chuva chegou a diversas regiões do Rio Grande do Sul ontem, acompanhada, em alguns casos, de vento forte e granizo. Em Encantado, no vale do Taquari, as rajadas jogaram o telhado de um posto de combustíveis sobre um caminhão estacionado a cem metros de distância. Dois motoristas ficaram feridos.

Segundo a Defesa Civil, quatro escolas, cinco creches e centenas de casas da cidade ficaram parcialmente destelhadas e metade da população, de 18 mil habitantes, iniciou a noite sem energia elétrica.

Em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, a velocidade do vento chegou a 55 quilômetros por hora. Em Montenegro e São Leopoldo, na região metropolitana, houve queda de granizo. Para hoje, o 8.º Distrito de Meteorologia prevê tempo de nublado a encoberto, com chuva e trovoadas.