Título: Indústria paulista reage e cresce 1,9%
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2005, Economia, p. B4

A indústria paulista reagiu, em fevereiro, à queda registrada no mês anterior. O Indicador de Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho do setor, apresentou alta de 1,9% em relação a janeiro, já descontadas as diferenças sazonais entre os dois períodos. Na comparação com fevereiro de 2004, a atividade cresceu 9,2%. De dezembro para janeiro, o indicador havia recuado 3%. Segundo a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), de agosto para cá o nível de atividade permaneceu praticamente estável, com pequenas oscilações mensais, refletindo o aperto da política de juros altos. "Perdemos oportunidade de um crescimento maior", afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Fiesp. "O setor tinha fôlego para continuar crescendo, pois tem capacidade disponível e não há pressão de preços provocada por excesso de demanda".

Para Francini, o esforço do Banco Central em aumentar o juro básico desde setembro foi neutralizado pelo aumento na oferta de crédito, que ainda mantém aquecida a demanda por bens de consumo duráveis, como automóveis e produtos eletroeletrônicos. "O custo do crédito ficou praticamente inalterado, levando o consumidor às lojas", disse. Enquanto a Selic aumentou 20% desde setembro (de 16% para 19,25% ao ano), as prestações do crédito para o consumidor subiram pouco mais de 1%.

O diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, observou que a recuperação do mercado de trabalho, com aumento da oferta de emprego e da massa salarial, também contribuiu para o aquecimento do consumo. "Os consumidores se sentem seguros". De acordo com a Fiesp e o Ciesp, a indústria paulista acumula no primeiro bimestre expansão de 6,9% sobre o mesmo bimestre do ano passado. O crescimento das vendas reais chegou a 13,3%.

Entre os segmentos que apresentaram maior variação do nível de atividade em fevereiro estão alimentos e bebidas, com 7,2%, e equipamentos de transporte , que cresceu 7,8%, sem incluir a indústria automobilística. Segundo Francini, os alimentos foram impulsionados pelo aumento das exportações de suco de laranja e açúcar, além da produção para a Páscoa. Equipamentos de transporte refletem principalmente as exportações da Embraer e o crescimento do setor ferroviário.