Título: Supermercados ampliam exportação
Autor: Vera Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2005, Economia, p. B16

As prateleiras dos supermercados da França, Estados Unidos, México, Alemanha, China e até do Oriente Médio estão cada vez mais no foco de interesse das maiores redes de supermercados do País. Em parceria com grandes indústrias e fornecedores de menor porte, o Wal-Mart, Pão de Açúcar e Carrefour investem para aumentar o volume de exportações de produtos brasileiros. O Wal-Mart local, que vendeu no ano passado US$ 120 milhões para os EUA, Canadá, México, Porto Rico, Inglaterra, Alemanha e Argentina, planeja aumentar em 50% as exportações este ano. O Pão de Açúcar aproveitará o Ano do Brasil na França para colocar na rede Casino, sócia francesa do grupo, 230 tipos de produtos de 62 fornecedores, a partir de 1.º de junho. A mercadoria estará em 4,9 mil pontos-de-venda do Casino na França e a previsão é que o projeto denominado Viva Brasil dê um retorno de R$ 100 milhões em vendas. É um salto em relação a 2004. No ano passado, o grupo exportou R$ 20 milhões em produtos para 700 lojas do Casino na França. O Pão de Açúcar vende ainda para Angola, Argentina, Canadá, Colômbia, Martinica, Uruguai e Venezuela.

O grupo Carrefour, também de olho na série de eventos que vão marcar o Ano do Brasil na França, quer dobrar suas vendas no exterior com exportações em torno de US$ 100 milhões.

A exportação é estratégica para as grandes redes para o estreitamento de parcerias. O Carrefour ou o Wal-Mart , por exemplo, ao facilitarem a entrada de produtos de seus fornecedores brasileiros no mercado internacional, ganham vantagens nas negociações internas com eles. "As vendas do fabricante com a exportação crescem e conseguimos obter preços melhores e promoções em negociações", resume o diretor de Agronegócios do Carrefour, Arnaldo Eijsink.

Para o diretor de Comércio Exterior do Wal-Mart, Geraldo Caspary, vender o produto nacional em lojas da rede em vários países dá visibilidade às mercadorias brasileiras e abre portas no mercado internacional. Por enquanto, o Wal-Mart Brasil exporta café, chocolate, cortes congelados de frango, carnes enlatadas e pratos congelados, além de têxteis e móveis, e começa a vender produtos com a marca própria Great Value. "A intenção é abrir este leque, principalmente em alimentos, com potencial de vendas", diz Caspary.

A rede americana tem 17 escritórios da área de Global Procurement em todo o mundo, um deles no Brasil, para localizar produtos com potencial de exportação. Para 2006, a empresa quer entrar em novos mercados, e a China e o Japão estão na lista de interesses. No Japão, o Wal-Mart, em parceria com uma rede local, tem mais de 400 lojas voltadas para alimentos.

O Carrefour, que já exporta para a Polônia, Espanha e Portugal, investe este ano na França com mais de 200 produtos. A intenção é também exportar para a Bélgica e mais dois países europeus ainda não definidos. As vendas do Carrefour estão concentradas em frutas, café, palmito, carne bovina e camarão. "Começamos a entrar na China e Oriente Médio, porém, mais do que exportações esporádicas, investimos para uma regularidade no negócio", diz Eijsink.