Título: Aumento de imposto não passa, diz Geddel
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2005, Nacional, p. A4

O presidente da Comissão de Tributação da Câmara, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), avisa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao governo e a sua base aliada que não vai criar dificuldades artificiais, mas não dará moleza para ninguém. "Farei de tudo para impedir a aprovação de projetos que considero prejudiciais ao País, como o aumento de impostos e da carga tributária. Esses, quando baterem na comissão, vão ter problemas", diz ele. "Já conversei com o ministro José Dirceu e disse que não vou atrapalhar o andamento de nenhuma matéria que considere de interesse da sociedade nem vou ficar criando caso à toa", afirma Geddel.

Ele lembra que o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), se encontrou com o presidente Lula há cerca de dez dias e avisou que a ala oposicionista do PMDB não vai se tornar uma pedra no sapato do governo. Nesse encontro, o presidente Lula pediu ajuda a Temer para evitar que o Congresso faça rebeliões permanentes contra o governo, levado pelas atitudes às vezes incoerentes do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).

PESADELO

Severino, no entanto, não é hoje o pesadelo do governo. Apesar de suas atitudes ditas independentes, o grande problema do governo é de fato sua base aliada, que está aos frangalhos, e o próprio PT. Não foi Severino, por exemplo, quem levou à aprovação de um projeto que reformou a Lei Orgânica da Ação Social (Loas) e pode elevar os gastos do Tesouro em R$ 15 bilhões. Foi a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com emendas de parlamentares do PT, quem abriu ainda mais a possibilidade de entrada de famílias carentes na Loas.

O deputado Ivan Valente (PT-SP) foi um dos que comemoraram as mudanças feitas pela CCJ. Severino nem sabia do que ocorria por lá. O Planalto lembra ainda que o aumento da verba de gabinete dos deputados, que eleva o gasto em R$ 59 milhões, foi assinado por Severino, mas não foi preparado por ele, e sim pelo antecessor João Paulo Cunha (PT-SP).

RURALISTAS

No governo, avalia-se que haverá dificuldades com a Comissão de Agricultura, que é presidida pelo líder ruralista Ronaldo Caiado (PFL-GO). Para um dos ministros que mais conhecem o Congresso, Caiado é um político sensível à negociação, mas quando o interesse dos produtores rurais está em jogo é muito difícil negociar com ele. Além do mais, tradicionalmente os ruralistas sempre vencem o governo em suas batalhas, seja o dirigente quem for.