Título: Diretor adiou sua fuga para tentar retirar vietnamitas
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2005, Internacional, p. A22

Alan Carter, diretor do Serviço de Informações dos EUA em Saigon, foi retirado à meia-noite de 29 de abril. Na manhã daquele dia, nem desconfiava de que seria seu último dia no Vietnã. Às 11 horas, fora chamado para uma reunião no complexo da embaixada. "Entrei e vi que não era uma reunião, era uma operação de retirada." Ele recebeu a informação de que sairia no primeiro helicóptero, às 13h30. Mas, depois de levar quatro ou cinco colegas para embarcar no helicóptero das 13h30, deu meia-volta, com a intenção de providenciar a retirada de cerca de 200 vietnamitas: funcionários locais, jornalistas e empregados do Ministério da Informação que contavam com ele para sair. Enquanto esperava seus colegas partirem, fez vários telefonemas aconselhando as pessoas a tentar chegar a pé a sua residência. "Sei que chegaram, mas não o que houve depois. A terrível informação que obtive mais tarde foi a de que eles ligaram para a embaixada e falaram com um marine, que disse: 'Carter e os outros partiram de helicóptero.' Quando desci do telhado da embaixada, ninguém atendia o telefone em minha residência. Foi muito difícil para mim - eles pensarem que eu simplesmente fora embora." Ele passou grande parte do dia tentando achá-los, até finalmente partir. Nunca mais viu nenhuma das pessoas que contavam com ele.

Carter percebe ecos de Saigon no Iraque. "Temos um instinto quase missionário de refazer outros países segundo nossa imagem." Em ambos os casos, diz, os EUA entraram na guerra pelas razões erradas e a conduziram do jeito errado. "Nós nos demos mal. Não conseguimos sair do Iraque e, no caso do Vietnã, saímos tão mal quanto entramos."