Título: Alckmin faz proposta a Palocci para dívida da Cesp
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2005, Economia, p. B4

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), entregou ontem ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, uma proposta, por escrito, para solucionar a dívida de curto prazo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Alckmin disse que o governo vai capitalizar a empresa com os recursos obtidos na venda da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), avaliada em mais de R$ 1 bilhão, e sugeriu como contrapartida do governo federal a renegociação da dívida da Cesp. O ministro Palocci vai analisar a proposta do governador paulista e definir de que forma a União pode participar do processo de reestruturação financeira da empresa. "Pode ser um alongamento da dívida, ou pode ser uma capitalização." A Cesp tem um passivo de R$ 10 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão são do Tesouro Nacional. Este ano, vencem R$ 900 milhões em debêntures e os outros R$ 300 milhões, em 2006. Alckmin admitiu, no entanto, que a venda da CTEEP só se concretizará com a aprovação de uma lei pela Assembléia Legislativa de São Paulo. Ele acredita que no fim do ano essa legislação deve estar aprovada, o que permitirá definir a data provável do leilão de privatização da empresa de transmissão de energia. O governador estava acompanhado dos secretários de Fazenda, Eduardo Guardia, e de Energia, Mauro Arce, durante a reunião com Palocci. Ao final do encontro, disse que a dívida da Cesp - de R$ 138 milhões - com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vence no dia 16, será "rigorosamente" paga. Segundo o governador, a Cesp está com todos os pagamentos em dia e recebeu uma capitalização de R$ 120 milhões no ano passado.

Ele disse que a receita da Cesp sofreu um forte impacto, no ano passado, provocado pela suspensão de contratos de energia e, agora, uma nova perda foi provocada com o leilão da chamada energia velha. "Houve uma queda do preço da energia muito grande e, então, só com o leilão, este ano, a empresa perdeu R$ 492 milhões." Este foi o primeiro encontro de Alckmin com Palocci depois da reação irada do governador, há cerca de dez dias, que acusou o governo Lula de "ter passado dos limites" ao bloquear R$ 57 milhões do Estado, dados como garantia a uma dívida da Vasp.

Palocci deu uma demonstração de que o episódio está superado e sem constrangimentos entre ele o governador de São Paulo: no fim da reunião, ele e seu secretário executivo, Bernard Appy, acompanharam Alckmin e seus secretários até a portaria do ministério. Por alguns minutos, conversaram diante dos fotógrafos e das câmaras de TV. "Eu já tinha conversado com Palocci sobre o assunto. Ele me ligou da Europa. Nós temos um bom relacionamento desde que ele era prefeito de Ribeirão Preto", disse Alckmin.