Título: MPE investiga vereadora petista
Autor: Ricardo Brandt e Iuri Pitta
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Metrópole, p. C3

Claudete Alves é acusada de enriquecimento ilícito e terá sigilos fiscal e bancário quebrados; parlamentar nega crime

Suspeita de enriquecimento ilícito, a vereadora Claudete Alves (PT) está sendo alvo de investigação pelo Ministério Público Estadual (MPE). Ontem, a parlamentar negou as acusações na Câmara Municipal e ofereceu aos promotores "todas as informações fiscais e bancárias", incluindo a de seus parentes. "Já procurei a Justiça para colocar meus dados à disposição", defendeu-se a parlamentar. "Toda pessoa pública pode ser alvo de denúncia por motivos políticos ou pessoais."

Desde o ano passado, o MPE investiga o patrimônio de Claudete, eleita como segunda suplente em 2000. Em 2002, ela assumiu provisoriamente o mandato, no lugar de Adriano Diogo (PT), então secretário do Verde e do Meio Ambiente. Depois, em 2003, garantiu definitivamente sua vaga na Câmara Municipal.

Os promotores do MPE ouviram uma ex-contadora de Claudete. A testemunha forneceu informações sobre um suposto esquema de apropriação indevida de parte do salário de funcionários de seu gabinete.

O MPE obteve autorização da Justiça para quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico da vereadora. O próximo passo da investigação é cruzar os dados com os depoimentos da ex-funcionária e do marido da contadora. Os promotores investigam, ainda, a compra de um apartamento, que não teria sido registrado no nome da vereadora.

Claudete disse que não foi notificada oficialmente sobre nenhuma investigação conduzida pelo Ministério Público. Para a vereadora, as denúncias "sinalizam ações políticas de grupos ou pessoas contrariadas" por sua atuação parlamentar. A petista também negou a compra do apartamento. Garantiu que o único imóvel que possui é um apartamento financiado, adquirido por seu marido.

Se as denúncias se confirmarem, Claudete corre o risco de ser cassada. Ela cederia a vaga ao primeiro suplente da bancada do PT, o perueiro Senival Pereira. BR Chacina: novas denúncias PMs envolvidos são acusados de outros quatro crimes Roberta Pennafort RIO O Ministério Público em Nova Iguaçu vem recebendo novas denúncias contra policiais militares sob suspeita de participação na chacina da Baixada Fluminense. Pelo menos quatro outros crimes - homicídios e desaparecimentos de moradores de municípios da região - foram relatados a promotores nos últimos cinco dias. O promotor Marcelo Muniz não quis dar detalhes sobre as denúncias. Parentes das 29 vítimas da chacina têm sido chamados para ser informados sobre as investigações.

O secretário de Estado da Segurança Pública, Marcelo Itagiba, disse que não acredita que a exoneração do diretor de Polícia Técnico-Científica, Roger Ancillotti, vá prejudicar o trabalho de perícia sobre a chacina.

Desde o início da apuração, a equipe que vinha sendo coordenada por ele reuniu provas técnicas importantes para indiciar os PMs.

Ancillotti, que é perito legista concursado e continuará à frente do Instituto Médico-Legal (ele vinha acumulando as duas funções), deu declarações no mesmo tom, mas admitiu que poderá haver "descontinuidade", já que ainda há laudos a serem concluídos. "Ninguém é insubstituível. As pessoas terão responsabilidade para continuar de onde a gente parou", afirmou. "Isso é coisa da administração pública, mas há uma descontinuidade."

Em seu lugar, assume o delegado Walter Barros. Itagiba afirmou que a troca foi motivada por uma necessidade de modernização da polícia técnica. Ele anunciou medidas como a informatização dos dados para a melhorar a integração dos órgãos, a criação de cinco novos postos e a aquisição de novos equipamentos. Já está acertado o investimento de R$ 26 milhões. O secretário reafirmou sua autoridade e negou desavenças com o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins.

Mas o afastamento de Ancillotti foi determinado depois da revelação de que o laudo pericial sobre o tiro disparado contra a estudante Luciana Gonçalves de Novaes, em maio de 2003, na Universidade Estácio de Sá, não foi concluído porque o perito responsável se aposentou e levou os documentos da investigação para casa.

O perito agora terá de entregar o resultado até o dia 13, sob pena de ter sua aposentadoria cassada.