Título: Confiança do consumidor recua pelo 3.º mês seguido
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Economia, p. B4

Expectativas quanto à situação econômica atual pioraram em abril; para o futuro, maior preocupação é em relação ao emprego

A confiança do consumidor brasileiro recuou em abril, pela terceira vez consecutiva. Os resultados de sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que as expectativas quanto à situação econômica atual da família e do País pioram desde janeiro. Para os próximos seis meses, a esperança por dias melhores até se mantém, mas caiu fortemente quando o tema é o mercado de trabalho: mais da metade dos entrevistados (55,4%) avalia que será mais difícil conseguir emprego, maior taxa desde abril de 2004. Na avaliação do coordenador da sondagem, Aloísio Campelo, a deterioração das expectativas tem sido gradual e acompanha o ritmo do aperto monetário recente. "Há um capital (de otimismo), um acúmulo de satisfação, desde o segundo semestre do ano passado, que está atenuando a piora das expectativas, baseado nos indicadores da economia real. Agora, ao longo do primeiro quadrimestre, vêm as vozes das dúvidas."

Campelo explica que a política de elevação dos juros está desacelerando parte da economia e pode afetar a geração do emprego. Além disso, o consumidor leva em conta o noticiário e as discussões sobre o crescimento deste ano, que deverá ser inferior ao do ano passado, e sobre "incertezas" ligadas à economia. Os resultados sobre a situação atual - que haviam alcançado os maiores níveis históricos da pesquisa em janeiro - vêm se deteriorando progressivamente, na avaliação da FGV, que ouviu 1.462 chefes de família.

De março para abril, a parcela de consumidores para os quais a situação econômica familiar está "ruim" aumentou de 38,6% para 42,8%, enquanto os que avaliam como "boa" foi de 12% para 10,7%. Com relação à situação atual do País, a avaliação "ruim" foi de 24,7% para 28,6% e a "boa" caiu de 15,4% para 13,1%. De janeiro a abril, a parcela dos que indicavam situação financeira familiar equilibrada caiu de 63,5% para 57,4%.

Na prática, o consumidor considera-se mais endividado do que no início do ano: este grupo subiu de 23% para 29,5%. Campelo comenta que as famílias começaram a gastar, fazer compras, mas em algum momento recente reduziram gastos.

Quanto ao futuro, a evolução do mercado de trabalho é um dos principais focos de preocupação. As expectativas sobre o emprego pioraram por quatro meses seguidos e a parcela que acha que vai ser mais fácil conseguir trabalho foi de apenas 7,1% em abril - menor taxa desde o início da pesquisa (outubro de 2002).