Título: Prefeitos apontam, mas não resolvem o problema
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Vida&, p. A26

RIO - Entre detectar o problema ambiental e tomar providências para evitá-lo, há um grande abismo nos governos municipais. Ágeis na hora de relacionar os danos ambientais e suas conseqüências, os prefeitos demonstram lentidão para prevenir a degradação e punir os responsáveis. Por exemplo: entre os municípios que sofrem com poluição do ar, 64% atribuíram o problema às queimadas. No entanto, apenas 28% informaram ter programas para o controle dessa prática. Dos que sofrem com poluição da água, 70% atribuem o problema à degradação da mata ciliar (à margem dos rios), mas só 37% têm ações para a recomposição da vegetação nativa. Entre as 13 ações ambientais mais citadas pelos prefeitos, em primeiro lugar, citado por 67% dos municípios, está o controle de vetores de doenças (mosquitos, caramujos, ratos, barbeiros), seguido da ampliação ou melhoria do sistema de água. A fiscalização para evitar despejo inadequado e esgoto e a ampliação da rede de saneamento foi citada por 44% dos prefeitos.

O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, reconhece que o controle da destinação de lixo e outros resíduos na natureza, embora seja uma questão local, vai "requerer uma solução federal". O maior déficit, segundo ele, é sobre canalização e tratamento de esgoto. "Temos uma situação, sobretudo no Nordeste e parte do Sul, de escassez de água, mas o problema de contaminação, principalmente por esgotos, é generalizado."

Para o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, a falta de competência municipal é um dos maiores empecilhos à conservação de um meio ambiente saudável. "Essa pesquisa mostra a urgência de termos decisões ambientais também no nível local", disse. "Todo mundo acha importante, mas ninguém faz nada. Temos legislação de Primeiro Mundo, mas índices de Quarto."