Título: 'Comandante' Molina existe e pediu cargo
Autor: Expedito Filho e Odail Figueiredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2005, Nacional, p. A6

BELÉM - O "comandante Molina" citado no discurso feito ontem pelo deputado Roberto Jefferson existe e realmente esteve em Belém à época mencionada pelo presidente do PTB. O "comandante" chegou ao Pará na última semana de fevereiro e lá permaneceu por duas semanas, até o fim da primeira semana de março. Durante esse tempo ele tentou, por múltiplos e criativos meios, arrancar sua nomeação para um cargo de confiança na prefeitura da capital paraense, que é do PTB. Na prefeitura, alguns assessores se lembram dele, embora ninguém conseguisse recordar o seu nome completo, registrando apenas que ele foi da Marinha.

Primeiro "Molina" foi inúmeras vezes à prefeitura, se apresentando como consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e se oferecendo para um cargo em comissão. A prefeitura perguntou à FGV, que teria confirmado o vínculo, segundo assessores do prefeito.

Ontem, após tomar conhecimento do discurso do deputado Roberto Jefferson, a FGV distribuiu nota no Rio de Janeiro afirmando que "repudia veementemente a associação de seu nome com qualquer prática ilegal ou desabonadora dos costumes" e que vai tomar as providências cabíveis no caso.

Quando viu que não teria êxito na conquista de um cargo de comissão, "Molina" se aproximou de Roberto Jefferson Júnior, assessor da BelémTur, a empresa municipal de turismo da administração Duciomar Costa. Foi Júnior quem o apresentou ao pai, no início de março, num jantar em Belém.

Aparentemente, "Molina" deixou Belém em março. A pessoas que conheceu em Belém, ele disse morar no Rio de Janeiro. Ter encontrado Jefferson Júnior em Belém foi uma proeza para o "comandante": o filho do deputado não é muito assíduo no trabalho, segundo assessores e funcionários da BelémTur, que nem sequer o conhecem, já que ele raramente aparece no trabalho e vive o tempo todo no Rio de Janeiro, onde mora.