Título: Superávit fiscal maior ajuda, diz Meirelles
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2005, Economia, p. B4

Mas o presidente do BC ressalva que o efeito sobre a economia não é imediato POLÍTICA MONETÁRIA João Caminoto, enviado especial TÓQUIO O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o superávit primário do governo federal em abril, que foi de 5,02% do PIB e superou as expectativas, terá um efeito positivo sobre a política monetária. "Não há dúvida que quanto maior o superávit primário, melhor para a política monetária", afirmou Meirelles, logo após desembarcar em Tóquio.

Entre os analistas, é cada vez mais clara a avaliação de que o governo vai buscar um superávit primário superior à meta de 4,25% do PIB para este ano, com o objetivo de tirar parte do peso que recai atualmente sobre os juros no controle inflacionário, tentando assim antecipar um eventual processo de relaxamento monetário.

Meirelles observou, no entanto, que é preciso considerar o tempo que um superávit mais elevado leva para influenciar positivamente a economia. "Existe a questão da defasagem, isso é importante mencionar", disse. "A ação sobre a economia dos diversos tipos de instrumentos de política econômica, como a política monetária ou fiscal, tem defasagens diferentes, não são coisas que podem ser substituídas".

Ele negou que o governo possa reavaliar a meta inflacionária para 2006, de 4,5%, uma reivindicação feita, entre outras entidades, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "O debate sobre as metas é legítimo, a sociedade tem o direito de fazer isso", afirmou. "Mas as metas para 2005 e 2006 estão fixadas, e em junho, o Conselho Monetário Nacional vai fixar a meta de 2007".

Sobre a valorização do real, e o temor de que isso possa afetar negativamente as exportações, Meirelles disse que o BC "já manifestou com toda a clareza que não tem meta de taxa de câmbio. O objetivo é a recomposição de reservas, o que está sendo cumprido com sucesso, pois elas estão num nível cada vez melhor".