Título: PT deve apoiar CPI, prega Silvio Pereira
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2005, Nacional, p. A5

O secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, pregou ontem que o seu partido e o governo devem dar todo apoio à CPI dos Correios e "fazer com que ela tenha um resultado que não frustre a sociedade". Segundo ele, o PT e o governo não devem temer a CPI, nem lançar mão de manobras protelatórias. A CPI dos Correios foi criada na semana passada, mas ainda não instalada. Silvinho, como é conhecido, corre o risco de ser um dos depoentes que serão convocados pela CPI, pois até o fim de 2003 era um dos negociadores dos cargos no governo com os partidos aliados. Os partidos de oposição suspeitam que ele teve envolvimento na nomeação de cargos de confiança para os Correios. Pereira nega que tenha atuado lá.

"Uma vez o deputado Borba (José Borba, líder do PMDB) perguntou se poderia trocar o diretor de Tecnologia (Eduardo Medeiros). Eu respondi que o cargo não era do PT", disse Pereira. Ele conta que mais tarde conversou com o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (RN), para montar a aliança entre PT, PTB e PSB no Rio Grande do Norte para as eleições de 2006, e o senador lhe perguntou se lembrava de Ezequiel Ferreira de Souza, indicado por Bezerra para uma diretoria do Banco do Nordeste.

"Respondi que sim e o senador me disse que Ezequiel não fora aproveitado numa assessoria forte, mas num carguinho. Lembrei-me então da diretoria dos Correios e sugeri a ele que conversasse com o José Borba, pois eu não estava mais envolvido nas negociações", relatou ontem Pereira.

O secretário do PT disse que não teme a CPI. "Não devo nada, por isso não a temo. Todas as negociações para a ocupação de cargo foram feitas de forma transparente. A única coisa que me incomoda são as ilações de natureza ética", contou ele ao Estado. Reportagem da revista Veja desta semana informa que se o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), for incriminado pela CPI, promete "levar junto consigo" Pereira, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro petista, Delúbio Soares.

Pereira disse que negociou cargos em nome do PT até 16 de dezembro de 2003. Depois dessa época, não tratou mais do assunto. "Não podemos esquecer que o governo foi montado numa base multipartidária e que, se algum partido tiver uma erva daninha, ela tem de ser cortada. Todos os partidos estão sujeitos a isso", afirmou. Ele reconhece que há um clamor da opinião pública pelo respeito à ética. "Por isso, temos de reforçar a CPI, deixá-la transparente e serena, cuidando para que seja de qualidade", finalizou.