Título: No Iraque, outra grande ação militar
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Internacional, p. A17

Forças de ocupação dos EUA e tropas iraquianas lançaram ontem uma ampla ofensiva contra grupos rebeldes na cidade de Tal Afar, no noroeste do Iraque, perto da fronteira com a Síria, informou a rede de TV a cabo CNN. A operação teve início num dia em que ataques coordenados da insurgência mataram 20 iraquianos e feriram 40 em Hawija, no norte. Na grande maioria as vítimas são civis. Três carros-bomba detonados por atacantes suicidas explodiram num intervalo de poucos minutos perto de postos de controle das forças de segurança iraquianas em Hawija.

A cidade fica a poucos quilômetros de Tikrit, uma das regiões mais conflitivas do país por ser a terra natal do ex-presidente Saddam Hussein e de vários altos funcionários do regime deposto. Em Bagdá, a explosão de um carro-bomba feriu 27 civis. O comando militar americano confirmou a morte de dois soldados entre domingo e ontem em emboscadas perto de Faluja, a oeste da capital. Um outro soldado e quatro rebeldes morreram na operação em Tal Afar.

Segundo a correspondente da CNN, Jane Arraf, dezenas de tanques, veículos de combate Bradley e helicópteros Apache se dirigiram para os arredores de Tal Afar. Em menos de dois meses essa é a terceira grande operação militar na área, que os oficiais americanos dizem servir de passagem para contrabando de armas e extremistas provenientes do território sírio.

Cerca de 4 mil soldados americanos se dirigiram para a região. Eles revistam casa a casa, em busca de militantes iraquianos e estrangeiros ligados a organizações islâmicas radicais. De acordo com a CNN, a ofensiva foi deslanchada depois que líderes tribais da região se reuniram na semana passada e pediram a intervenção militar para remover os rebeldes da área.

Ao mesmo tempo, forças americanas e iraquianas prosseguem com uma ampla operação contra os rebeldes em Bagdá. Centenas de pessoas foram presas nos últimos dez dias, o que provocou protestos da Associação dos Clérigos Islâmicos, entidade de religiosos muçulmanos sunitas. A Associação acusa o governo, de maioria xiita, de perseguir os sunitas - seita da grande maioria dos rebeldes.

No entanto, há indícios de que os insurgentes estão dispostos a negociar a deposição das armas. Pela primeira vez um político iraquiano reconheceu ter mantido contato com rebeldes. Ayhamal-Samarie disse que o duas organizações de radicais islâmicos mostram intenção de dialogar. Ainda ontem, o Tribunal Especial do Iraque, que julgará Saddam, negou que o processo vá começar dentro de dois meses, como havia dito, dias atrás, o presidente do país, Jalal Talabani.