Título: Presidente não tem experiência na política
Autor: Eduardo Nunomura
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Internacional, p. A16

Eduardo Rodríguez, presidente da Suprema Corte, de 49 anos, assumiu ontem um cargo que nunca imaginou ocupar. No currículo, o juiz não conta com participações na conturbada vida política da Bolívia. Vivia em Sucre, uma tranqüila cidade do interior, com a mulher e os quatro filhos. À meia-noite de quinta-feira, foi designado para o cargo com a esperança de pôr fim a meses de manifestações violentas. Para que ele chegasse à chefia de Estado, os presidentes do Congresso, Hormando Vaca Díez , e da Câmara, Mario Cossío, tiveram de renunciar ao direito de suceder o renunciante presidente Carlos Mesa. De acordo com a Constituição, Rodríguez, o preferido dos movimentos sociais, era o terceiro na linha sucessória. Agora tem a missão de exercer o mandato tampão até a eleição de um novo presidente, o que deve acontecer até dezembro.

Até março do ano passado, Rodríguez não era nem presidente do tribunal superior. Seu nome começou a ser apontado para suceder Mesa por causa da grande resistência popular a Vaca Díez e Cossío, considerados políticos da velha oligarquia boliviana.

A designação de Rodríguez foi respaldada por Mesa em uma mensagem à nação durante a semana, na qual alertou que a Bolívia enfrentava o risco de uma guerra civil.

Nascido na cidade de Cochabamba, centro da Bolívia, Rodríguez formou-se em Direito em 1981 na Universidade de San Simón. Mais tarde, obteve o mestrado em Administração Pública pela Universidade de Harvard, nos EUA.

Foi catedrático de várias universidades bolivianas, coordenador do Instituto Latino-americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente e chegou à Suprema Corte em 1999.

Pouco antes de sua posse, o novo presidente declarou a rádios locais que a Bolívia "deve ingressar em uma séria reflexão que leve a um futuro". Rodríguez é o novo personagem da história política boliviana.