Título: Inflação em SP cai para 0,19% e surpreende
Autor: Célia Froufe e Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Economia, p. B3

A inflação no município de São Paulo, medida pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da USP, foi de 0,19% na primeira quadrissemana de junho. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi menor do que no fechamento de maio (0,35%) e ficou abaixo das expectativas dos 11 analistas ouvidos pela Agência Estado, que previam uma variação de 0,25% a 0,45%. O resultado surpreendeu não apenas o mercado financeiro, como também o coordenador do índice, Paulo Picchetti. "Realmente, o IPC está baixo demais", afirmou. Mas ele comentou que, quando combustíveis e agrícolas são retirados do cálculo, é possível observar que a inflação do período seria de 0,28%. "O porcentual de 0,28% é praticamente a variação do núcleo (0,27%), e sabemos que a volatilidade de alguns preços acaba sendo devolvida ao longo do tempo."

Para Picchetti, a inflação em São Paulo tem apresentado um "número bom", mas este nível será mantido por pouco tempo, já que em julho começarão a incidir reajustes de preços administrados, como as tarifas de energia e telefonia. Ele manteve sua projeção de 0,40% para o IPC ao fim do mês e admitiu que poderá revisar o número para baixo na próxima semana. "Não vou rever agora, mas sabemos que a inflação vai fechar acima de 0,19% em junho." Para o ano, o coordenador também manteve sua projeção entre 5% e 5,5%.

IGP-M E IPC-S

O dólar baixo, a melhor oferta de produtos agrícolas e a menor pressão de reajustes em preços administrados levou à queda da inflação apurada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou ontem recuos em dois indicadores. A primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho teve deflação de 0,30%, ante queda de 0,03% em maio - a menor taxa desde junho de 2003. Já o Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) caiu para 0,61% na semana encerrada em 7 de junho, ante alta de 0,79% no anterior, sendo a terceira queda consecutiva nesse índice.

O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, explicou que, no caso da primeira prévia do IGP-M de junho, cujo período de coleta foi de 21 a 30 de maio, houve fortes recuos no Índice de Preços por Atacado (IPA) - de -0,40% para -0,79% - e no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - de 0,72% para 0,08%.

Porém, no caso do setor atacadista, de maior peso na inflação, houve deflações tanto nos preços agrícolas (-1,81%) como nos industriais (-0,45%). No caso dos agrícolas, há a influência do fim dos problemas climáticos, que no início do ano elevaram os preços dos alimentos. Já o recuo dos preços industriais foi causado pelo câmbio.

A FGV informou ainda que, dentro do IGP-M, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) foi a 2,10% na prévia de junho, ante alta de 0,57% em maio, por causa da alta dos preços de mão-de-obra (4,15%).