Título: Inflação baixa faz juro futuro cair
Autor: Lucinda Pinto, Mario Rocha e Denise Abarca
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Economia, p. B15

Os índices de inflação abaixo das previsões predominaram sobre a boataria política e os mercados tiveram um dia favorável. A forte queda do risco país, de 4,27%, para 426 pontos, ajudou bastante. Os juros futuros projetaram queda, o Ibovespa teve a primeira alta da semana, de 1,91%, o C-Bond ganhou 0,25%, vendido com ágio de 1,625%, e o dólar caiu 1%, para R$ 2,473. O paralelo avançou 0,11%, vendido a R$ 2,75. O principal receio era de que as revistas semanais trouxessem novas denúncias de corrupção. Como os rumores foram perdendo força e o noticiário político não foi bombástico, os investidores prestaram atenção nos baixos indicadores inflacionários e as coisas melhoraram. A inflação menor aumenta a possibilidade de o Copom não mexer na Selic em sua próxima reunião. No mercado de juros, o contrato de janeiro de 2007, o mais líquido, projetou taxa de 18,03% ao ano, ante 18,26% na véspera. E o de janeiro de 2006, o segundo em volume de negócios, recuou de 19,49% para 19,35%. Mas as taxas não devolveram o prêmio acrescentado segunda-feira, quando foi publicada a entrevista do deputado Roberto Jefferson denunciando o esquema de "mesadas".

Depois de 5 quedas consecutivas, o Ibovespa subiu, sem se importar com a queda de 0,67% da Nasdaq e a ligeira alta de 0,09% do Dow Jones. O movimento financeiro foi de R$ 908 milhões "E teve dinheiro de estrangeiros na Bolsa. Foi pouco, mas teve, e foi o suficiente para ajudar a alta da Bovespa", comentou um operador.

As maiores altas do índice foram de Transmissão Paulista PN (6,60%), Embratel Par PN (5,88%) e NET PN (5,36%). As maiores quedas foram de Unibanco Unit (1,23%), Tele Centro Oeste PN (0,95%) e Embraer OPN (0,95%).

Enquanto Roberto Jefferson não depõe perante o Conselho de Ética da Câmara, o comercial deverá continuar caindo na segunda-feira, se não surgir uma denúncia devastadora no fim de semana. Mas o espaço para o recuo é limitado, já que, além do depoimento do presidente do PTB, na próxima semana haverá um vencimento grande de dívida pública e privada.

Diante do momento político delicado, o Banco Central deverá manter a postura de não anunciar leilão de swap reverso. "Se o BC não entrou no mercado com o dólar a R$ 2,40, por que entraria agora?", observou um operador.