Título: Fiesp defende corte de gastos do governo
Autor: Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2005, Economia & Negócios, p. B3

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou ontem um estudo com sugestões para cortes de gastos do governo federal. A entidade cobra de Brasília mais eficiência com as contas públicas e apresenta como parâmetro a própria indústria brasileira, argumentando que o setor acumulou ganhos de produtividade de 120% entre 1995 e 2004, período da pesquisa. "No mundo globalizado e competitivo, se o Brasil fosse uma empresa, com a qualidade e a eficiência de sua gestão, já teria quebrado faz tempo", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp.

A proposta da entidade, encaminhada há dois meses ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, prevê: a) a redução do total da despesa real do governo em 2% ao ano por seis exercícios consecutivos (2006 a 2011), seguida da manutenção do total da despesa real por quatro anos (2012 a 2015); b) limite de crescimento para o total da receita real de 50% da taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), no máximo de 2,75% ao ano; e c) conquistado o superávit operacional real positivo, 90% do resultado auferido seria destinado a investimentos no ano imediatamente posterior e 10% à amortização da dívida no atual exercício.

De acordo com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a entidade apenas ofereceu um subsídio ao governo federal, mas não espera uma resposta da Fazenda. "Tem sido mais fácil para o governo aumentar a carga tributária do que fazer um esforço sério de ganho de eficiência", afirmou Skaf. "Essa redução anual de 2% é factível e o mínimo que se pode conseguir", completou Francini.

O estudo apresentou números, mas não indicou o que poderia ser alvo de ganhos de eficiência nem como isso poderia acontecer. Skaf, no entanto, reiterou que a reformulação do cadastro da Previdência poderia ser uma das medidas adotadas. Ele já encaminhou ao ministro Romero Jucá uma proposta para a criação de "um grande Projeto Rondon", inclusive com a participação das Forças Armadas, da Fiesp e de alunos do Sesi e do Senai para ajudar no recadastramento. "A Previdência paga R$ 130 bilhões ao ano. Será que não tem gente recebendo indevidamente?"

Com a proposta, o objetivo da Fiesp é atacar a carga tributária, os juros altos, a falta de crédito na economia e os gargalos logísticos, que necessitam de investimentos.