Título: PFL elogia escolha de Dilma e tucano critica
Autor: Tânia Monteiro Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2005, Nacional, p. A7

No Senado, voz dissonante foi Virgílio, para quem ministra tem perfil estatizante

A escolha de Dilma Rousseff para a Casa Civil foi elogiada por senadores governistas e de oposição. Depois de um discurso do senador Tião Viana (PT-AC), os oposicionistas Heráclito Fortes (PFL-PI) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA) causaram surpresa ao chamarem a atenção para as qualidades da ministra. "Acompanhei seu trabalho como secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul e ela exerceu bem seu papel", disse Tourinho. Para Heráclito, Dilma tem a "credibilidade que falta ao governo".

Para Tião Viana, apesar de ter recebido críticas dos adversários do governo por sua atuação no Ministério de Minas e Energia, Dilma tem currículo para exercer bem seu papel na Casa Civil. Ele também elogiou a coerência da ministra, que sempre teria atuado de forma ética. Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PT-DF) também elogiou a escolha.

O ex-governador do Distrito Federal disse que o ministro da Casa Civil não deve ser escolhido entre pessoas eleitas, numa referência clara a José Dirceu, que é deputado federal. "Um ministro da Casa Civil que não tem voto sente-se modesto diante de parlamentares", afirmou. "Fala em nome do presidente e não em seu nome."

Ao contrário de seus colegas, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou a escolha de Dilma. Disse que ela tem um perfil estatizante e foi a responsável pela definição do marco regulatório da área energética que afastou investidores.

POUCO TRÂNSITO

Na opinião do presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), a nova ministra da Casa Civil não tem desenvoltura política, nem possui facilidade de trânsito na base aliada. Mas ressalvou que esse problema pode ser resolvido. Segundo ele, Dilma é competente e tem uma vivência política muito grande. "Pode ser até que se revele", acrescentou.

Ainda de acordo com Severino, o papel de Dilma na Casa Civil não será criar obstáculos, mas sim dar ao presidente condições para administrar com mais facilidade.

Indagado sobre a questão da manutenção do Ministério da Coordenação Política, Severino respondeu que o mais importante é a existência de uma articulação política que não crie dificuldades para a administração.