Título: MP pede acesso a contratos de publicidade
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Nacional, p. A15

Fonteles analisa hoje pedido de procuradores para que Dilma apresente todos os contratos da administração, incluindo a Presidência

O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, analisará hoje o pedido do Ministério Publico do Distrito Federal para que requisite da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, todos os contratos de publicidade e marketing da Administração Direta da União, o que inclui a Presidência da República e os ministérios. A Polícia Federal e os procuradores da República que atuam no inquérito dos Correios dependem desse material para aprofundar as investigações. Suspeita-se que o dinheiro usado para pagar o mensalão a parlamentares da base aliada provinha de agências de publicidade contratadas pelo governo. A PF e o Ministério Público iniciaram ontem uma devassa nas contas publicitárias do governo federal para investigar indícios de lavagem de dinheiro do caixa dois de partidos. Os principais alvos da investigação serão as grandes empresas da área, principalmente a DNA e a SMPB, do publicitário Marcos Valério de Souza, detentor das maiores fatias na administração direta e nas grandes estatais. Serão também investigados o tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, suspeitos de serem operadores do mensalão.

GRANDES CLIENTES As agências de Valério faturaram cerca de R$ 70 milhões no ano passado. Seus clientes no governo são Banco do Brasil, Eletronorte, Correios e os Ministérios do Trabalho e do Esporte. Até o ano passado, a empresa também atuava no Ministério da Saúde. O Ministério do Desenvolvimento Social negou ontem, por meio de nota, a existência de tal esquema na pasta e informou que os R$ 9,2 milhões gastos em publicidade em 2004 "foram rigorosamente empregados na produção de publicações, campanhas publicitárias e eventos, de acordo com as rubricas previstas na Lei Orçamentárias". Informou ainda que já apresentou contas de todas as operações. De acordo com informações do Ministério do Esporte, o contrato com a SMPB era inexpressivo - cerca de R$ 700 mil em 2004 - e o dinheiro foi gasto em programas prioritários. O pedido de informações foi encaminhado a Fonteles no início da semana pelo procurador da República em Brasília, Bruno Acioli, em nome da equipe que acompanha o caso. Eles já tinham tentado obter os dados por meio da Subsecretaria da Casa Civil, que se recusou a atender o pedido. De acordo com a legislação, procuradores de primeira instância não podem fazer requisições diretamente a ministros, que têm direito a foro privilegiado. Por isso, eles tiveram de recorrer a Fonteles, que deve analisar hoje o pedido.