Título: Blitz anticorrupção da polícia prende 19 no PR
Autor: Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2005, Nacional, p. A21

Licitações de obras públicas seriam dirigidas por empresários; BR Distribuidora, da Petrobrás, é acusada de envolvimento em uma das concorrências

A Polícia Civil do Paraná começou ontem a cumprir 27 mandados de prisão contra diretores de empresas responsáveis por obras públicas e servidores estaduais, acusados de corrupção e de fraudar licitações. Até o início da noite, 19 haviam sido presos durante a operação, apelidada de Grande Empreitada. A BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás, também está entre os investigados. "Existe um esquema dentro da Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas (Apeop) para dirigir todas as licitações", revelou o delegado do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), Sérgio Inácio Sirino.

As investigações começaram há dois anos e contaram com mais de 100 mil interceptações telefônicas e escutas em salas de reuniões. Foram autorizados 44 mandados de busca e apreensão, em três Estados.

"É uma associação para dilapidar o patrimônio público", disse o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari. Ele vai pedir à Justiça a extinção da entidade.

DESISTÊNCIA

Entre os presos, estão três diretores e o presidente da Apeop, Emerson Gava. Participariam do esquema, montado havia seis anos, 24 empresas. "Com informações repassadas por funcionários públicos, os empresários forçavam preços em licitações e definiam quais empreiteiras fariam a obra", explicou o delegado. "A linha de investigação caminha para licitações municipais, estaduais e uma muito grande na Petrobrás." Vencida a licitação, a empresa daria uma porcentagem à Apeop, que pagaria os servidores envolvidos nas fraudes.

Um dos casos sob suspeita é uma licitação de R$ 72 milhões, vencida pelo consórcio da BR Distribuidora e Construtora Triunfo para revestimento asfáltico de uma rodovia. "Há fortes indícios de que tenha havido conluio", disse Sirino.

Gravação indica que a Apeop negociou com a Delta Construções, que participava da licitação. Se desistisse, seria beneficiada em outro contrato. A Delta depois ganhou licitação da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba.

RESPOSTA

O presidente da Apeop disse desconhecer as acusações. "Só o tempo vai dizer." Para o advogado da Apeop, Roberto Brzezinski, a prisão foi "arbitrária". A entidade ainda divulgou uma nota manifestando "profunda indignação".

A BR Distribuidora também divulgou nota: "As licitações foram vencidas em função da qualidade dos serviços e de ter apresentado as melhores soluções de pavimentação com os menores preços. A BR sempre esteve e permanece disponível para prestar esclarecimentos."