Título: Nova apreensão na Schincariol
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2005, Economia & Negócios, p. B6

Polícia de Goiás investiga sonegação de ICMS em Alexânia

A Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda de Goiás apreenderam ontem documentos e equipamentos de mídia da fábrica da cervejaria Schincariol localizada em Alexânia, a 130 quilômetros de Goiânia, e na distribuidora do grupo na capital goiana para investigar sonegação de ICMS. Caso comprovada a irregularidade fiscal, a empresa pode ser multada em R$ 15 milhões, incluindo os impostos corrigidos. A suspeita é que a Schincariol tenha simulado vendas. Mercadorias que deveriam seguir para a distribuidora Dismar, no Espírito Santo, eram comercializadas em Goiás.

Segundo o titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária do Estado, Rogério Santana Ferreira, o material apreendido - meio caminhão-baú em papéis - ajudará a averiguar se as negociações entre as empresas estão de acordo com o apresentado ao Fisco, um total de R$ 40,5 milhões entre setembro de 2003 e dezembro de 2004.

A Operação Ressaca começou às 9h30 de ontem e foi executada por 18 agentes da Polícia Civil, 3 delegados e 16 auditores da Secretaria da Fazenda de Goiás. "A partir de amanhã (hoje), o material começa a ser analisado por auditores fiscais e contábeis. Isso vai demandar algum tempo", diz Ferreira. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo juiz Algomiro Carvalho Neto , de Alexânia, cidade onde a Schincariol produz 150 milhões de litros de cerveja e 50 milhões de litros de refrigerante por ano, com 250 trabalhadores.

Uma equipe da operação se deslocou até o Rio de Janeiro para obter provas com a Polícia Federal (PF) que possam ser usadas no inquérito.

No dia 15, a PF e a Receita Federal prenderam, na chamada Operação Cevada, 68 suspeitos de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, envolvendo a Schincariol, outras cervejarias e distribuidoras. Entre eles estavam Adriano e Alexandre Schincariol, além de mais três donos e três diretores do grupo, liberados na madrugada de sábado.

Em nota, a Schincariol informa que os documentos fiscais de todas as unidades estão à disposição do Fisco. "A Schincariol sempre defendeu a instalação de medidores de vazão, que permitem ao Fisco verificar em tempo real o volume de produção. Em janeiro, foi concluída a instalação, aguardando a homologação da Receita Federal para que entrassem em funcionamento."

De acordo com o inquérito da PF, a Schincariol recebia, a cada 15 dias, cerca de R$ 500 mil de Otacílio de Araújo Costa, dono da Dismar, também acusada de participar do esquema de sonegação. O documento aponta uma "gigantesca organização criminosa".