Título: Mudança nos subsídios dos EUA desaponta Itamaraty
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

As modestas mudanças introduzidas ontem por Washington no programa federal de subsídio ao algodão, declarado ilegal pela Organização Mundial de Comércio (OMC), foram consideradas insatisfatórias pelo governo e pelos produtores brasileiros, bem como por organizações internacionais que seguem o caso. "Tomamos conhecimento da decisão", limitou-se a dizer um funcionário do Itamaraty, após dias de frustrantes consultas entre o embaixador na OMC, Clodoaldo Hugueney, e o principal negociador de política agrícola no ministério do comércio exterior americano (USTR), Al Johnson. A decisão americana alterou apenas tangencialmente os esquemas de garantia de crédito à exportação e deixou intocado tanto o principal mecanismo de apoio às vendas do algodão americano no exterior, conhecido como "step 2", como o programa de apoio interno. Os pagamentos sob o "step 2" oscilaram entre US$ 182 milhões e US$ 640 milhões. O programa federal de apoio à produção destinou perto de US$ 4,5 bilhões ao setor no ano passado.

As mudanças foram divulgadas pelo Secretaria de Agricultura americana (USDA) duas horas antes de esgotar-se o prazo estipulado pela OMC, que condenou o programa de subsídios, num caso iniciado pelo governo brasileiro em 2002.

"A decisão da OMC afirmou que os EUA têm de terminar seus subsídios do 'step 2'", afirmou Elio Tollini, secretário executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. O presidente da organização não governamental Oxfam America, Raymond Offenheiser, afirmou que "a falha dos EUA em cumprir plenamente ( a decisão da OMC) dá o sinal errado aos países em desenvolvimento que os países industrializados não seguem as regras".

O secretário de Agricultura americano, Mike Johanns, reconheceu implicitamente a insuficiência das alterações. "A administração continua a avaliar outros passos para responder à decisão da OMC sobre o algodão." O porta-voz do USDA, Ed Loy, disse que mudanças no "step 2" requerem mudanças de legislação.