Título: Dólar e juros sobem, Bolsa recua
Autor: Silvana Rocha, Mario Rocha e Denise Abarca
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2005, Economia & Negócios, p. B9

A crise política e o feriado nos Estados Unidos (Dia da Independência) esvaziaram a liquidez no mercado cambial e facilitaram a alta do dólar. O comercial fechou em alta de 0,38%, para R$ 2,366, com fraco giro financeiro de US$ 937 milhões. Mas o paralelo recuou 0,84%, vendido a R$ 2,71. O Ibovespa caiu 1,05% e os juros futuros projetaram alta. Com o feriado americano o mercado de títulos da dívida, a exemplo dos demais, não operou. No mercado futuro, o volume movimentado também foi pequeno, US$ 3,35 bilhões. Os 5 vencimentos de dólar negociados projetaram alta, sendo que o de agosto prevê uma elevação de 0,40%.

Além de toda a confusão envolvendo o PT, as declarações do deputado Roberto Jefferson de que ainda tem informações de grosso calibre contra o ex-ministro José Dirceu causaram inquietação e alimentaram a expectativa sobre uma acareação entre os dois parlamentares na CPI dos Correios. Um operador comentou que essa acareação poderia chamar mais a atenção do mercado do que os depoimentos até agora prestados.

A demanda mais forte por moeda americana por parte das tesourarias de bancos justificou-se ainda pela reprogramação de compras pelo Tesouro, anunciada quinta-feira. Como o mercado reagiu com atraso a essa notícia, alguns ajustes residuais de posições aconteceram ontem. Como se recorda, o BC ampliou para US$ 9,497 bilhões o montante em dólares que o Tesouro comprará em mercado neste semestre para honrar vencimentos de bônus da República.

Na Bovespa, a liquidez já estava pequena por causa da apreensão com o quadro político, e ficou ainda menor com o feriado americano. A Bolsa paulista movimentou apenas R$ 451 milhões, e passou praticamente todo o pregão em queda.

As maiores altas do Índice Bovespa foram de NET PN (1,56%), Ipiranga Petróleo PN (1,38%) e Caemi PN (0,88%). As maiores quedas foram de Klabin PN (3,41%), Telesp Celular Par PN (3,17%) e Banco do Brasil ON (3,15%).

No mercado de juros, as boas perspectivas para o início do corte da Selic continuam servindo de escudo ao stress político. O desenho da curva de juro indica uma alta probabilidade de corte da taxa em outubro, probabilidade média em setembro e probabilidade pequena em agosto.