Título: Escândalo não abala imagem de Lula
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Nacional, p. A8

Pesquisa CNT/Sensus contraria prognósticos e mostra que efeitos de denúncias recaíram principalmente sobre o PT e a Câmara

O carisma e a credibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva superaram um duro teste de resistência. A divulgação da pesquisa CNT/Sensus, ontem, contrariou os prognósticos e mostrou que os efeitos dos recentes escândalos não afetaram a avaliação de Lula, que subiu 2,5 pontos porcentuais, e do governo. Apesar de estar dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 3 pontos, o resultado surpreendeu. O presidente é aprovado por 59,9% (57,4% na edição anterior da pesquisa, em maio) e desaprovado por 30,2% (32,7% em maio). A avaliação positiva (ótimo/bom) do governo chegou a 40,3% (39,8% em maio) e a avaliação negativa (ruim/péssimo) também subiu, para 20,0% (18,8% em maio).

Nem tudo foram flores: Lula perdeu mais pontos para seus principais oponentes nas simulações da corrida presidencial. Os efeitos dos escândalos sobraram para o PT, que desabou na credibilidade popular, e para a Câmara. A última avaliação do governo foi a pesquisa CNI/Ibope, divulgada em 17 de junho.

Mesmo mantendo a popularidade, Lula amarga números preocupantes: 40,3% ( 31,2% em maio) acham que a corrupção "aumentou muito" ou "aumentou um pouco" no seu governo; e 13% (17,4% em maio) acham que a corrupção "diminuiu um pouco" ou "diminuiu muito".

A maioria dos entrevistados (67,1%) acredita que as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) são verdadeiras; 18,1% acham que são mentirosas. O instituto ouviu 2 mil eleitores em 195 municípios, entre os dias 5 e 7 deste mês.

CULPADOS

Para a sociedade, os recentes casos de corrupção estão mais vinculados à Câmara (35,4%) e ao PT (31,2%); só 12% acham que Lula tem responsabilidade por eles. As ações de Lula para enfrentar os escândalos são consideradas adequadas por 47,8% e inadequadas por 31,9%.

A minoria (33,6%) pensa que Lula sabia do mensalão - 45,7% dizem que ele desconhecia o esquema. Numa linha próxima de raciocínio, 64,7% pensam que o mensalão é coisa antiga, enquanto 18,3% acham que ele foi inventado recentemente.

O que a população mais desaprova no governo Lula é o que, para vários setores, dá mais certo: 46,1% (45,2% em maio) acham que a economia não está no rumo certo, enquanto 40,2% (37,5% em maio) acham que a política é adequada; 45,6% confiam na economia brasileira para os próximos seis meses e 46,8% não confiam.

SUCESSÃO

Mais uma vez Lula perdeu pontos para seus concorrentes nas simulações da corrida presidencial de 2006, mas bem menos que as especulações apontavam. Pela segunda vez, e em todos os cenários, ele aparece com um porcentual de preferência inferior ao resultado que obteve no primeiro turno de 2002 (41,62%), mas seu principal concorrente, o prefeito José Serra (PSDB) também ficou abaixo de seu porcentual (20,79%).

No enfrentamento simulado, Lula tem sua disputa mais difícil contra Serra, o único que hoje levaria a disputa ao segundo turno. Lula teria 46,3% (49,7% em maio) e Serra, 32,7% (27,1% em maio). Outro embate que se complica é contra o governador tucano Geraldo Alckmin, de São Paulo: 50,6% (51,8% em maio) contra 23,1% (22,2% em maio).

Contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula alcançaria 51,7% (52,8% em maio) contra 22,7% (20,9% em maio). Mas melhorou sua posição nas simulações contra o governador Aécio Neves (PSDB), o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) e o prefeito César Maia (PFL).