Título: 1998 marcou chegada do terror ao asfalto
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Metrópole, p. C3

O terror imposto pelos traficantes, que costumava atingir apenas pequenos comerciantes dos morros e favelas, chegou ao asfalto no último fim de semana de 1998. Sob ordem dos criminosos, restaurantes, padarias e supermercados de Laranjeiras, na zona sul do Rio, não abriram. No bairro ficam o Palácio Guanabara, sede do governo, e o Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador. A ordem do fechamento veio com a morte de Cláudio Passos da Rocha, o Portuguesinho, chefe do tráfico na Favela do Pereirão. Uma faixa de luto foi exposta na Rua Pereira da Silva, subida para a Pereirão. Depois do episódio, o local foi alvo de uma "ocupação social", com emissão de RG, criação de cursos profissionalizantes e atendimento médico e odontológico.

Em 11 de setembro de 2002, o "poder paralelo" desafiaria de novo o Estado. Quatro presos de Bangu 1 foram mortos em um motim comandado por Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

Em seguida, uma série de ataques foi desencadeada em todo o Rio e o comércio foi fechado em nove bairros. Quatro escolas foram metralhadas em Bonsucesso e Ramos.

Menos de 20 dias depois, nova onda de ataques. O comércio de três municípios - Rio, Niterói e São Gonçalo - foi fechado em 30 de setembro por causa da morte de dois traficantes. Os ônibus não circularam e escolas ficaram fechadas.

O dia 24 de fevereiro de 2003 ficou conhecido como Segunda-Feira Sem Lei. Houve arrastões, tiroteios e 25 ônibus foram incendiados. Em Botafogo, os passageiros não conseguiram deixar o veículo - 1 morreu e 13 ficaram feridos.