Título: 'Polícia? No dia seguinte, quem te garante?'
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Metrópole, p. C3

PREJUÍZO: "Com quase 50 anos, fui demitida da Kibon. Como ninguém dá emprego para uma mulher da minha idade, eu e minhas irmãs compramos este bar faz quatro anos. No início, era tranqüilo. Mas de dois anos para cá começaram os fechamentos. É um por quinzena", diz J., de 53 anos, dona de um bar na Rua Paula Brito, no Andaraí. " O rapaz desce de moto, avisa e todo mundo fecha." Segundo a comerciante, a situação fica pior quando o fechamento é em sinal de luto, como ocorreu há um mês, em 18 de junho. Ou dois meses antes disso, quando três traficantes morreram no mesmo dia. O bar ficou fechado de sexta-feira a domingo. Na quarta-feira seguinte, J. recebeu um telefonema a cobrar, exigindo 20 cartões para celular. "Eles ameaçavam jogar bomba e eu explicava que não tinha dinheiro. Consegui negociar e baixei para quatro." J. deve conta de luz, telefone e o aluguel do bar, de R$ 600,00. "De que adianta chamar a polícia? No dia seguinte, quem te garante?"