Título: C-Bond começa a ser retirado do mercado
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

Os C-Bonds, último resquício da moratória da dívida externa brasileira, começaram a ser retirados ontem do mercado. Emitidos em 1994, como parte da renegociação da dívida após o calote, esses papéis continuam circulando entre investidores estrangeiros e somam US$ 5,6 bilhões. Ontem, o Tesouro Nacional começou a oferecer outros papéis com prazos de vencimentos mais longos. Os resultados dessa oferta só serão conhecidos na sexta-feira, quando serão divulgados o prazo dos novos títulos e o volume total da troca. A expectativa é de uma grande adesão dos investidores à oferta do Brasil. "A operação tem tudo para ser uma megatroca", disse ao Estado uma fonte envolvida na negociação. A idéia é trocar a totalidade dos títulos que estão hoje pulverizados no mercado. Porém o sucesso da operação dependerá das ofertas que o Tesouro Nacional receber.

O novo papel terá características muito parecidas com o C-Bond na sua forma de amortização e de capitalização. A diferença é que os prazos de vencimentos serão alongados em comparação aos C-Bonds, o que deve assegurar uma folga no fluxo de pagamento que o Tesouro é obrigado a fazer para honrar os seus compromissos da dívida externa.

O governo paga anualmente US$ 600 milhões de juros e principal do C-Bond. Com a operação de troca, a expectativa é que esse pagamento seja "deslocado" para daqui a dois, três ou quatro anos, dependendo do prazo do novo papel que será aceito pelos investidores.

Se bem-sucedida, a operação diminuirá a pressão sobre o balanço de pagamentos do País no período de maior concentração de vencimentos da dívida até 2007.

Para atrair o investidor , o governo anunciou que o novo papel não contará com o "call" - uma cláusula que garante ao Tesouro o direito de recomprar os C-Bonds, a cada semestre, toda vez que a cotação do papel atingisse 100% de seu valor de face. O início da troca provocou uma valorização imediata do papel. A operação será coordenada pelos bancos JPMorgan e CSFB. Para Luiz Forbes, diretor da corretora López León, a troca vai reduzir o risco Brasil e melhorar a classificação do País.