Título: Rocha assume retirada e deixa liderança do PT
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2005, Nacional, p. A6

O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), se afastou do cargo ontem - uma semana depois de ter o nome envolvido entre os beneficiários de saques feitos na conta da agência SMPB, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Por nota, Rocha assume que foram retirados R$ 300 mil, em 2003, para pagar dívidas do diretório do PT no Pará, que preside. Segundo levantamento da CPI dos Correios, porém, foram sacados R$ 470 mil em nome de Anita Leocádia da Costa - a assessora de Rocha autorizada a retirar o dinheiro na agência do Banco Rural em Brasília.

O levantamento teve como base os dados da quebra de sigilo bancário da conta da empresa no Rural. Rocha, na nota de esclarecimento, afirma que solicitou ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, ajuda para quitar as dívidas do partido, que o dinheiro foi retirado em 2003 e que o total foi "imediata e integralmente" direcionado para o pagamento das dívidas.

Rocha manteve a informação que deu na semana passada de que Anita esteve no prédio onde fica a agência para consulta médica no dia 7 de janeiro de 2005. Antes de divulgar a nota, Rocha se reuniu com deputados petistas, incluindo os integrantes da CPI dos Correios, para avaliar a crise. Mais tarde, anunciou o cancelamento de uma entrevista que havia marcado e não voltou à Câmara.

FRAUDE

A diferença de R$ 170 mil está levando parlamentares do PT a suspeitarem de que haja uma fraude, no banco ou na empresa, para esconder alguém que tenha feito saques em nome da pessoa autorizada por Rocha.

"O PT do Pará só pode responder pelo que recebeu", afirmou o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). "O recebimento do PT do Pará foi de R$ 300 mil. Se há cheques superiores, é preciso verificar melhor essa questão."

A bancada do PT na Câmara vai se reunir na primeira semana de agosto para discutir o nome que deverá substituir Rocha na liderança da bancada. Até lá, a coordenação será feita pelo colégio de vice-líderes.

A sucessão já provoca divisão na bancada. Deputados de correntes mais à esquerda do partido não aceitam que seja escolhido um nome do mesmo grupo de Rocha, também ligado ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, e Professor Luizinho, ex-líder do governo na Câmara, todos do Campo Majoritário. Deputados que não integram o grupo de Rocha já falam em criar uma "bancada paralela".