Título: Denúncia pode derrubar relator da CPI do Mensalão
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2005, Nacional, p. A7

A CPI do Mensalão deverá fazer sua primeira reunião de trabalho hoje, mas já administra a primeira crise interna. Escolhido relator na semana passada, o deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) corre o risco de perder o posto por conta do envolvimento em denúncia publicada pela revista Época. De acordo com a notícia, Abi-Ackel foi beneficiário de uma doação de R$ 50 mil, feita em 1998 pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, para a sua campanha a deputado federal. Uma decisão já foi tomada, independentemente das confusões: o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o mensalão, será ouvido no dia 3. "Vamos ouvir o Abi-Ackel", antecipou ontem o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ao informar que o primeiro item da pauta de debates da comissão será o período a ser investigado. Nota de esclarecimento divulgada ontem por Abi-Ackel em Belo Horizonte dá conta de que a contribuição referida pela revista foi feita pelo setor financeiro da campanha majoritária do então candidato tucano a governador de Minas Gerais e hoje presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo.

O relator afirma na nota que "jamais conheceu nem conhece o sr. Marcos Valério". Esclarece, ainda, que o depósito foi efetuado por ordem de Cláudio Mourão, que coordenava as finanças da campanha de Azeredo, que utilizou-se de uma agência de publicidade sobre a qual não pesava qualquer suspeita à época.

Em resposta a Abi-Ackel, o presidente do PSDB divulgou outra nota à imprensa ontem, esclarecendo que sua campanha a governador de Minas foi realizada pela agência Duda Mendonça e que a prestação de contas, cujo valor totalizou R$ 8,55 milhões, foi integralmente aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral mineiro.