Título: Abi-Ackel se recusa a deixar CPI do Mensalão para não parecer culpado Rosa Costa
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2005, Nacional, p. A13

O deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) negou-se ontem a renunciar ao cargo de relator da CPI do Mensalão, sob a alegação de que a iniciativa poderia ser entendida como a confissão de um erro que não cometeu. "Recuso-me a me afastar dessa relatoria por causa da minha vida parlamentar exemplar", afirmou. A sessão foi tensa, com bate-boca entre os que defendiam sua saída e os que estavam a seu lado. Seu nome passou a ser questionado como relator da comissão desde que foi divulgada a informação de que ele e seu filho, Paulo Abi-Ackel, receberam, na campanha eleitoral de 1998, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 50 mil da agência SMPB, do empresário Marcos Valério, acusado de ser um dos operadores do mensalão. O dinheiro não consta na prestação de contas que o deputado encaminhou à Justiça Eleitoral. Abi-Ackel disse ter recebido o dinheiro da campanha do então candidato ao governo de Minas Gerais e hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB).

Na mesma sessão, foi aprovado por apenas um voto contrário - do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) - a convocação para depor, amanhã, do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), lembrou que ele é o autor das denúncias do mensalão. Faria de Sá protestou, exigindo que também fossem convocados Marcos Valério e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.