Título: Furlan prevê superávit de US$ 38 bi
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que o saldo comercial brasileiro deverá chegar a US$ 38 bilhões, e não US$ 35 bilhões, como estava previsto. A nova projeção se deve ao fato de que as importações estão crescendo num ritmo menor do que o esperado. Ele afirmou que a corrente de comércio (soma de importações e exportações) deverá atingir a marca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006. "É perfeitamente factível chegar hoje a US$ 38 bilhões", disse o ministro, que está em Abuja, capital da Nigéria, liderando uma missão comercial. Os números foram apresentados na abertura de um seminário para empresários dos dois países.

O superávit comercial mais elevado deve ser alcançado em função do arrefecimento das importações, apesar do câmbio favorável. O governo esperava que as compras externas este ano crescessem num porcentual maior que as exportações. Embora o Ministério do Desenvolvimento nunca tenha divulgado uma meta para as importações, havia uma expectativa de que a valorização do real em relação ao dólar e a realização de novos investimentos puxassem as compras externas. "Nós achávamos que a taxa de câmbio este ano seria estimulante para as importações, mas para isso teria de haver demanda no mercado interno e de componentes e matéria-prima pelas indústrias", disse Furlan.

O ministro comentou que em 2004, quando as metas foram traçadas, não havia a expectativa de que o juro básico fosse subir por tanto tempo. "Ninguém esperava uma taxa (Selic) de 19,75% ao ano e uma inflação de 5% este ano. A economia foi se adaptando às variáveis que evoluíram", completou. A atividade econômica mais morna, decorrente dos juros altos, fez com que a necessidade de importar máquinas e matérias-primas fosse menor.

Furlan destacou que as importações continuarão crescendo, na comparação com o ano passado, mas manterão um ritmo menor do que o crescimento das exportações, como aconteceu em 2003 e 2004. "No segundo semestre, teremos uma média acima de US$ 6 bilhões mensais", disse.

Segundo Furlan, a meta para as exportações continua em US$ 112 bilhões enquanto as importações devem fechar em torno de US$ 74 bilhões. Em 2004, o superávit comercial foi de US$ 33,7 bilhões, resultado de vendas externas no total de US$ 96,475 bilhões e importações de US$ 62,779 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo comercial já ultrapassa a casa dos US$ 40 bilhões.

A repórter viajou a convite do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)