Título: Segurança privada ganha perfil mais profissional
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2005, Economai & Negócios, p. B15

Ainda enfrentando certo preconceito, setor se organiza e mostra números consistentes, com previsão de movimentar R$ 11,7 bilhões este ano

O setor de segurança privada sempre foi encarado com certa desconfiança pelos brasileiros. Muita gente costuma vinculá-lo a um tipo de serviço necessário mas que muitas vezes flerta com a ilegalidade no treinamento precário dos vigilantes, vínculos suspeitos com policiais e contabilidade irregular. De fato, as estimativas apontam que, para cada vigilante em situação regular no País, há pelo menos outros três clandestinos. A boa novidade nessa área é que o lado formal do setor, com empresas devidamente regulamentadas e fiscalizadas, está se transformando numa potente atividade econômica com empresas que apresentam padrões comparáveis com suas congêneres internacionais. Uma pesquisa inédita realizada sob encomenda da Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada e Transporte de Valores (Fenavist), com informações levantadas junto a órgãos públicos como o INSS e a Polícia Federal pela consultoria Mezzo Planejamento, apontam que o setor movimentará R$ 11,7 bilhões em 2005, um crescimento de 11% em relação a 2004. O levantamento aponta que existem no País 1,4 mil empresas de prestação de serviços de segurança privada, que até o fim do ano deverão empregar 425 mil pessoas, das quais 382 mil como vigilantes.

"A idéia da pesquisa é mostrar o quanto as empresas formais de segurança contribuem para a economia do País. A maioria das pessoas ainda tem uma imagem ruim das empresas, como se fosse um negócio obscuro baseado na informalidade", explicou o economista que conduziu o estudo, Mauro Catharino. "Um dos mitos que existe com relação ao setor é a respeito da participação de policiais ou militares nessas empresas. O estudo aponta, por exemplo, que apenas 7% das empresas têm vínculos com policiais ou militares", diz.

Ao analisarem os dados relativos ao crescimento do setor nos últimos anos - em média, 19% ao ano desde 2002 -, os economistas que conduziram a pesquisa perceberam que, tanto quanto o crescimento da criminalidade, a recuperação econômica teve um peso decisivo na arrancada da segurança privada. Além de ser um serviço voltado para a proteção patrimonial, também acabou se beneficiando de uma nova concepção de negócios das empresas em geral, que passaram a enxugar sua estrutura e delegar para terceiros esse tipo de atividade. "É um serviço caro, que custa em média R$ 5 mil por vigilante", diz Catharino.

Hoje nas grandes empresas, 94% dos vigilantes contratados já têm experiência profissional e quase todos passam por treinamentos. Em média, os salários são de cerca de R$ 750. Com o crescimento das empresas de segurança no País, estima-se que exista hoje um vigilante privado para cada 482 pessoas. Em 2002, era um para cada 552. A proporção atual é semelhante a de países como Alemanha, Espanha e Inglaterra.