Título: Um remédio para homens pós-40
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2005, Vida&, p. A20

Começa hoje jornada médica sobre reposição hormonal em homens. Novo remédio deve chegar em 2006

A reposição hormonal masculina é assunto cada vez mais discutido nos consultórios médicos. Hoje, por exemplo, começa na 1ª Jornada de Envelhecimento Masculino, promovida pela Sociedade Brasileira de Urologia - Seção São Paulo, evento que vai ter uma mesa-redonda só para debater o tema. Outro sinal: está em fase de análise na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) um remédio que promete acabar os fogachos e ataques repentinos de mau humor, sintomas provocados pelos remédios de reposição hormonal de ação prolongada hoje no mercado. O medicamento, cujo princípio é o undecanoato, é considerado de última geração para terapias de reposição hormonal masculina, porque tem tempo de duração de três meses no organismo (hoje o tempo é de três semanas) e a forma de liberação do hormônio é muito parecida com a natural.

Não existe número exato de quantos homens façam reposição hormonal, mas estima-se que já seja em torno de 10%. O advogado Mário de Santi Neto, de 80 anos, é um deles. "Sofro de queda hormonal há muito tempo, mas meu médico indicou a reposição há cinco anos, quando comecei a perder libido, ficar mal-humorado por nada e ter indisposição", conta. "Não tenho problema de comentar com meus amigos. Minha qualidade de vida melhorou e é isso que conta."

O declínio hormonal masculino começa aos 40 anos. Depois dessa idade, o organismo do homem passa a produzir 1% a menos de testosterona por ano. A testosterona é produzida pelos testículos e é responsável, por exemplo, pelo tônus muscular, pêlos e libido.

A reposição hormonal masculina não tem relação com a feminina. "A mulher deixa de produzir óvulos. O homem de 80 anos ainda produz testosterona", explica Geraldo Faria, do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. "Por isso, não basta o paciente apresentar queda hormonal para fazer a reposição. O tratamento é indicado para quem sofre dos sintomas da falta de hormônio."

Estima-se que cerca de 10% a 15% sofram dos sintomas, como menor qualidade nas ereções, mudança de humor e aumento da gordura abdominal.

Mas calor e irritação são conseqüências dos altos índices de testosterona no organismo, que podem ser provocados por remédios de reposição hormonal de ação prolongada. "Cerca de 80% dos medicamentos usados em reposição hormonal masculina são de ação prolongada", conta Aguinaldo César Nardi, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Seção São Paulo. As outras apresentações são em gel (só em farmácias de manipulação), adesivo e comprimido.

O novo undecanoato, do laboratório Shering do Brasil, é usado em dez países europeus e está previsto para chegar ao País em 2006. Ele dura três meses no organismo. "Hoje, as injeções duram três semanas", diz Faria. "Mas o avanço do remédio é a maneira de liberar testosterona no corpo, acabando com os picos." A reposição não é indicada para quem tem câncer de próstata.