Título: Ministro montou `República de Ribeirão¿
Autor: Expedito Filho e Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/08/2005, Nacional, p. A4

Juscelino Dourado e Ademirson Ariovaldo da Silva não foram os únicos homens de confiança que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, levou de Ribeirão Preto para o governo Lula, formando o que foi apelidada de República de Ribeirão. Pelo menos outras sete pessoas, incluindo sua mulher Margareth Rose Silva Palocci, passaram a ocupar cargos no governo federal desde que Palocci deixou a prefeitura do interior do Estado e assumiu o Ministério da Fazenda. Entre os indicados por Palocci está o atual diretor do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Donizeti Rosa. Considerado um homem de confiança do ministro, Rosa tem o nome citado diversas vezes nos grampos telefônicos dos diretores da empresa Leão Leão. Nas conversas, Rosa aparece como intermediador de contatos entre a empresa, acusada de fraudes em licitações, e a prefeitura de Ribeirão. Sua mulher, Isabel Bordini, ocupou até o ano passado o cargo de superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão (Daerp), enquanto Donizeti esteve na Secretaria de Governo na prefeitura de Ribeirão ¿ mesmo cargo ocupado por Rogério Buratti.

Outro amigo, o atual diretor-presidente do Serpro, Wagner Quirici, foi superintendente da Ceterp de Ribeirão. Galeno Amorin também foi promovido e deixou a Secretaria de Cultura da prefeitura de Ribeirão para coordenar a Política Nacional do Livro e Bibliotecas Públicas, do Ministério da Cultura. Já Ralf Barquete Santos, ex-secretário de Fazenda de Ribeirão, foi levado para ser assessor especial da presidência da Caixa Econômica Federal. Barquete, que morreu no ano passado, foi apontado por Buratti como o responsável pelo recebimento da propina paga pela empresa Leão Leão ao governo Palocci.

Nelson Rocha Augusto, ex-secretário de Planejamento e Gestão Ambiental de Ribeirão e ex-diretor do Banco Ribeirão Preto, virou presidente da Banco do Brasil Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A., autarquia ligada ao Banco do Brasil. A primeira indicação a encabeçar a lista, no entanto, foi a da mulher do ministro, Margareth Rose Silva Palocci. Ex-médica sanitarista da prefeitura, ela foi nomeada para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Brasília. Outro promovido foi Fernando Mendes Garcia Neto, secretário adjunto de Saúde na segunda gestão de Palocci, que virou supervisor de projetos do Cartão Nacional de Saúde.

Fechando a lista aparece José Ivo Vannuchi, que foi assessor da prefeitura de Ribeirão e prefeito de São Joaquim da Barra. Em Brasília, ocupou o cargo de assessor para assuntos parlamentares dentro do Ministério da Fazenda.