Título: Dilma resiste e Lula não tira Wilson da Infraero
Autor: Gilse Guedes e Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2005, Nacional, p. A12

BRASÍLIA - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, venceu a disputa pela indicação do presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Tércio Ivan de Barros, que era ser cogitado pelo presidente Lula, mas não tinha a simpatia de Dilma, não irá mais para o cargo. Ante o impasse, Carlos Wilson continuará à frente da estatal pelo menos até abril, quando sai para se candidatar a deputado pelo PT de Pernambuco. Com isso, Lula abre uma exceção, pois queria tirar agora todos os ocupantes de cargos públicos que vão candidatar-se em 2006. "O presidente pediu que eu continuasse. Disse que não abro mão de ser candidato e ele respondeu que a regra não valia para mim e eu poderia sair em abril", contou Wilson, que esteve com Lula na quinta-feira. "Diante do pedido, fiquei."

Segundo Wilson, Lula justificou o pedido afirmando que estava sendo bastante pressionado por partidos aliados. A estatal administra um orçamento de R$ 2,5 bilhões e é responsável pelas obras nos aeroportos.

Lula escolheu Tércio em julho, após uma confusa troca do comando da Infraero. Até as 14 horas do dia 25, o nome certo era o de Airton Soares, expulso do PT em 1985 por ter votado a favor de Tancredo Neves para a Presidência no Colégio Eleitoral. A escolha de Soares serviria para reaproximar Lula de antigos militantes. No mesmo dia 25, entretanto, o presidente escolheu Tércio, que é funcionário de carreira da Infraero.

Um dos problemas da Infraero é a Transbrasil, com que trava disputa jurídica por causa da ocupação de pátios, hangares e balcões. A estatal decidiu em 29 de junho retirar a empresa dos espaços que ocupa. Alega que hoje a Transbrasil lhe deve R$ 205,437 milhões, 13,6% dos cerca de R$ 1,5 bilhão de créditos por uso de suas instalações.