Título: Camada de sal esconde o óleo
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2005, Economia & Negócios, p. B7

Ele sobe por meio de fendas ou movimentação nas rochas

Ao perfurar abaixo da camada de sal, a Petrobrás conseguiu atingir o que se chama em geologia de rocha formadora do petróleo. Nesta camada, o petróleo foi produzido a partir de sedimentos vegetais e animais, que se acumularam em grandes lagos de água salgada formados após a separação dos continentes americano e africano, explicam geólogos. Ao longo do tempo, a água evaporou e o sal ficou acumulado por sobre os sedimentos. Mais tarde, essa camada de sal foi coberta por rochas, compondo o que hoje é o fundo do Oceano Atlântico.

"Todo o petróleo que está acima do sal veio debaixo do sal, por meio de fendas ou de movimentações nas rochas ao longo do tempo", explica o geólogo Márcio Rocha Melo, entusiasta da tese de que o País tem grandes reservas profundas de petróleo e gás. A teoria não vale só para a Bacia de Santos. Melo acredita que uma única rocha geradora, que ele chama de Greater Campos (Grande Campos) é responsável pela geração das reservas das três principais bacias do Sudeste (Santos, Campos e Espírito Santo).

Seu colega Giuseppe Bacoccoli cita como exemplo o campo de Marlim, o maior do País, na Bacia de Campos, com produção de cerca de 500 mil barris por dia. "De onde veio o óleo de Marlim?", questiona Bacoccoli. "Dez plataformas tiram petróleo de poços acima do sal naquele campo. Mas o óleo foi gerado abaixo do sal e ainda não fomos lá ver se há reservas", completa. Estima-se que, devido às altas temperaturas e pressões, o óleo armazenado abaixo do sal seja de excelente qualidade.

Já na África, outra ponta do processo de formação do Atlântico, os movimentos da terra afundaram a camada de sal, que fica abaixo dos 10 mil metros. Lá, por outro lado, há grandes reservas de óleo de boa qualidade que migraram para camadas acima do sal.