Título: Atropelos confundem e atrasam ação de CPIs
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2005, Nacional, p. A5

BRASÍLIA - Apesar dos argumentos dos integrantes das CPIs, é inegável que as três comissões de investigação (Correios, Bingos e Mensalão) têm muitas vezes batido cabeça e se perdido num emaranhado de repetição de tomada de depoimentos, quebras de sigilos que são pedidas, não chegam e são deixadas de lado e numa quantidade absurdamente exagerada de requerimentos. A CPI dos Correios apresentou, por exemplo, 895 requerimentos de pedidos de convocações e de quebras de sigilo, em 32 reuniões, feitas num período de 70 dias. Dá uma média de 27,9 requerimentos por reunião ou 12 requerimentos por dia, incluídos aí fins de semana. "Acho que está na hora de a CPI acabar", pondera o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). Pedidos de convocação também se repetem. O doleiro Toninho da Barcelona, que está preso, disse que poderia ter revelações para fazer sobre o suposto envio de recursos do PT e de alguns de seus dirigentes para o exterior. Uma comissão de parlamentares foi tomar seu depoimento em São Paulo. Toninho não apresentou provas, mas as três CPIs aprovaram a sua convocação. Daniel Dantas, sócio do Opportunitty, também foi convocado para depor simultaneamente pela CPI dos Correios e pela CPI do Mensalão.

Se confusões ocorrem, o tempo de duração da CPI dos Correios também é criticada. Mas a velocidade de andamento não é diferente das demais CPIs.

ANÕES

A CPI dos Anões do Orçamento foi criada em 20 de outubro de 1993. Em 20 de janeiro de 1994, o deputado Roberto Magalhães (PFL-PE) entregou seu relatório pedindo a cabeça de 18 parlamentares. A CPI dos Correios teve seu presidente e relator escolhidos no dia 9 de junho e Osmar Serraglio enviou também 18 nomes para o Conselho de Ética no dia 1 de setembro, o que dá menos que três meses. "Claro que a pressão da opinião pública ajuda a acelerar os trabalhos da CPI", afirma o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Estão em andamento CPIs bem mais demoradas que as atuais. A CPI do Extermínio no Nordeste foi criada em setembro de 2003 e ainda não entregou seu relatório, estando na sua décima prorrogação. A CPI da Biopirataria começou em 26 de agosto de 2004 e também funciona até hoje.