Título: 72% defendem proibição de armas
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Metrópole, p. C1

Metade das pessoas que apoiava a manutenção da venda de armas de fogo no País em fevereiro mudou de opinião, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem. Em fevereiro, 48% dos entrevistados se diziam favoráveis à proibição da venda de armas no referendo de 23 de outubro. Em setembro, o número chegou a 72,7%, o que indica que 24,7% mudaram de opinião. Além disso, para 50,6% das pessoas ouvidas, a violência vai cair se o comércio for proibido. Os números são aproximados. 'Essa pesquisa mostra que as pessoas estão tomando consciência de que arma não é defesa, é risco', afirmou o deputado Raul Jungmann, secretário-geral da Frente Parlamentar por um Brasil sem Armas.

Segundo ele, o apoio ao sim (ao veto às armas) aumentou graças aos resultados do Estatuto e da Campanha do Desarmamento e ao debate provocado por eles na sociedade. De acordo com a Polícia Federal, até o dia 6 haviam sido entregues 406.169 armas.

Jungmann destacou também a queda de 8,2% no número de mortes causados por armas de 2003 para 2004. 'É um resultado muito positivo, mas não podemos nos acomodar. Tudo vai começar para valer a partir de 1.º de outubro, quando começa a propaganda na TV', disse Denis Mizne, presidente do Instituto Sou da Paz, referindo-se ao horário destinado nos meios de comunicação para as frentes a favor e contra a venda de armas.

Para o coronel Jairo Paes de Lira, um dos porta-vozes da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa, contrária à proibição, a pesquisa mostra apenas uma 'reversão aparente'. Ele afirmou que as perguntas feitas aos entrevistados nos levantamentos foram diferentes.

Em fevereiro, a questão era: 'O sr. é a favor ou contra a proibição da venda de armas no País para cidadãos em geral?' Em setembro, a pergunta foi a mesma do referendo: 'O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no País?' 'A questão do referendo gera uma tendência de aprovação. Como um técnico do próprio instituto falou, a palavra comércio não é avaliada positivamente', disse Lira.

'As pessoas acabam associando isso à bandidagem, o que, evidentemente, não é pertinente.' Segundo ele, a frente terá condições de mudar essa avaliação durante a campanha de rádio e TV.