Título: Saldo comercial continua elevado
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2005, Economia & Negócios, p. B2

A balança comercial da terceira semana de setembro, divulgada ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, apresentou um superávit de US$ 1,3 bilhão (ante US$ 527 milhões e US$ 854 milhões nas duas semanas anteriores). Foi o terceiro melhor resultado semanal do ano. Perdeu apenas para o da 5ª semana de julho (US$ 1,97 bilhão) e para o da 2ª semana daquele mesmo mês (US$ 1,33 bilhão). Em 11 dias úteis do mês de setembro as vendas externas somaram US$ 5,77 bilhões e as compras, US$ 3,09 bilhões, deixando um superávit de US$ 2,68 bilhões. Em termos de média diária, as exportações tiveram um desempenho excepcional, com aumento de 23,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A média diária das importações aumentou apenas 2,7% por alguma causa fortuita, porque esse aumento tem sido de 19,1% ao longo do ano.

Os produtos básicos se destacaram na última semana, com crescimento de 29,8%, basicamente por causa das vendas de petróleo bruto, carne suína, de frango, bovina, minério de ferro, de alumínio, café em grão, fumo em folhas e algodão em bruto. Em seguida, vêm os manufaturados, com aumento de 21,5% no mês e, por fim, os semimanufaturados, com 12,6% de alta.

No acumulado do ano, as exportações somam US$ 81,8 bilhões e as importações, US$ 50,8 bilhões, deixando um saldo positivo superior a US$ 31 bilhões, 29,7% maior que o alcançado no mesmo período de 2004.

Estima-se que até o final do ano o saldo comercial deverá chegar a quase US$ 40 bilhões. Esse desempenho positivo ainda deverá continuar por um bom tempo, mas tende, em certa medida, a arrefecer no próximo ano. Segundo projeção feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as importações terão, em 2006, crescimento superior a 21%, enquanto o das exportações não deverá ultrapassar os 6,2%. No entanto o saldo positivo, embora menor, ainda ficará em torno dos US$ 30 bilhões, bastante satisfatório.

O que importa, numa análise prospectiva, é que tipo de compra externa está aumentando mais - se aquele destinado ao consumo ou se ao investimento. Tudo indica que é esse tipo que ganha terreno, até o momento. Importações para consumo talvez adquiram maior expressão com o aumento do poder aquisitivo da população, na esteira da queda da inflação e dos juros.

Como se prevê aumento de investimentos no ano que vem (que geram mais empregos e mais salários), é necessário maior empenho em elevar as quantidades físicas exportadas, até porque não se pode contar, necessariamente, com melhoria dos preços internacionais nem com cotação cambial mais favorável para os exportadores do que a deste ano.