Título: MST anuncia que vai intensificar ações pelo País
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2005, Nacional, p. A14

O Movimento dos Sem-Terra (MST) anunciou que "vai à luta" para cobrar as promessas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a marcha nacional pela reforma agrária, em maio. Os militantes estão sendo chamados para "organizar os pobres do campo" e programar protestos e invasões de fazendas. Além disso, será intensificado o "setembro vermelho", que já levou a invasões em Minas, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e São Paulo. Segundo a Secretaria Nacional do MST, o governo assinou um documento público em que reafirmava o compromisso de assentar 400 mil famílias até 2006. No entanto, até agora, segundo o MST, atendeu apenas 24 mil das 140 mil famílias do movimento acampadas pelo País.

Em nota distribuída ontem, a direção do movimento considera que a reforma agrária sofre de "paralisia crônica" e o governo Lula, "em dia" com as grandes empresas e os bancos, tem uma dívida social com o MST. "Só há uma forma de ouvirem a nossa voz: a mobilização social."

A direção pede aos militantes que discutam em cada Estado, nos acampamentos e assentamentos, a melhor maneira de mobilização. "Vamos à luta", conclama a secretaria.

DESAPROPRIAÇÕES

O MST alega que o governo enviou medida provisória que retoma os recursos para desapropriação de terras, mas na prática o dinheiro não é liberado. Os novos índices de produtividade no campo, que ajudariam as vistorias para desapropriação, também não estariam em vigor. A abertura de linhas de crédito para os assentados não resolveu a situação da maioria, queixa-se o movimento.

"Das 580 mil famílias assentadas, menos de 60 mil receberam crédito", informa a nota.

Para o movimento, setembro vai marcar a retomada da mobilização pela reforma agrária, após 100 dias de trégua, após a marcha nacional.

No Pontal do Paranapanema (SP), vence hoje a trégua dada nas invasões, em acordo feito com o Ministério Público Estadual em troca da libertação do líder José Rainha Júnior e da suspensão dos mandados de prisão contra 4 coordenadores do movimento.