Título: Dólar cai de novo, para R$ 2,214
Autor: Silvana Rocha, Denise Abarca e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2005, Economia & Negócios, p. B12

O dólar caiu 0,94%, para R$ 2,214, o menor patamar desde 4 de maio de 2001 (R$ 2,212), pressionado pela briga entre "comprados" e "vendidos" na definição da taxa média do comercial (ptax). O Ibovespa recuou 0,35%, com realização de lucros, os juros futuros projetaram queda, o risco país caiu 2,54%, para 345 pontos, e o A-Bond ganhou 0,75%, vendido com ágio de 6,45%. O paralelo avançou 0,12%, para R$ 2,543. Como hoje será formada a ptax a ser usada segunda-feira na liquidação do dólar de outubro, e a maioria no mercado está aparentemente "vendida" (apostando na queda das cotações), a pressão destes investidores sobre o dólar à vista foi mais contundente. Também contribuíram as operações de investidores locais e estrangeiros no mercado de derivativos cambial e de renda fixa para aproveitar os atraentes diferenciais de taxas nessas arbitragens.

A melhora das Bolsas americanas conseguiu reduzir o ritmo da realização de lucros da Bovespa, à tarde, mas não inverteu a trajetória de queda. O volume caiu um pouco na comparação com os últimos pregões e ficou em R$ 1,713 bilhão, com a aparente redução de compras por parte de estrangeiros.

Além do processo natural de realização de lucros, dado o recorde de pontos do Ibovespa na véspera, o recuo dos papéis da Braskem contribuíram para a desvalorização. Braskem PNA teve a maior queda (6,04%) e foi uma das mais negociadas. Os investidores mantiveram-se na expectativa quanto à decisão da Petroquisa sobre o aumento da participação no capital votante da Braskem, de 10% para 30%. A Petrobrás informou que a decisão será anunciada hoje. Isso se refletiu também nas ações da estatal - a PN recuou 2,42% e a ON, 2,20%.

O relatório de inflação do Banco Central permitiu que o mercado voltasse a cogitar a possibilidade de redução de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic na próxima reunião do Copom. Ele mostrou um cenário positivo para a inflação, o que provocou a queda dos juros futuros.

O contrato mais negociado, o de janeiro de 2007, projetou 17,59% ao ano, ante 17,65% na véspera. E o de novembro caiu de 19,33% para 19,31%, o que significa que o mercado projeta um corte de 0,38 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, embutindo a possibilidade de de corte de 0,5 ponto em outubro.